3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

27 de dez. de 2014

Charlie XCX sabe se dar prazer melhor que aquele cara mais ou menos e ainda canta sobre isso. Deusa.

Quando Beyoncé surgiu no palco do Video Music Awards à frente de um telão com a palavra "feminista" em letras garrafais, em agosto, não estava só se posicionando positivamente em relação ao tema. Meio sem querer, acabou resumindo o que havia sido (e ainda seria) parte da pauta do pop em 2014. Taylor Swift finalmente percebeu que era uma feminista, Miley Cyrus reafirmou ser uma e ainda sobrou tempo para, aqui no Brasil, Pitty e Anitta protagonizarem um necessário debate sobre a liberdade sexual das mulheres (fora da música ainda teve o discurso de Emma Watson na ONU e todo o bafafá em torno do livro de Lena Dunham, Não Sou Uma Dessas).

Claro, o assunto não ficou só no nível das declarações e virou música também. O hit que colocou uma das vertentes do tema em debate pode ter sido "All About That Bass", de Meghan Trainor (um debate que ficou entre o acerto de incentivar a auto-aceitação do corpo e o equívoco de atacar outros tipos físicos para atingir essa aceitação), mas não foi essa a única música que tratou de questões feministas neste ano. Elas não escalaram as paradas de sucesso nem ganharam os mesmos holofotes e manchetes que o show de Beyoncé e a conversa de Pitty e Anitta, mas ainda dá tempo de você ouví-las:

O ano começou com "Go Forth, Feminist Warriors", uma espécie de versão feminista e mais hipster de "We Are The World" uma vez que reúne um grupo de mais de vinte vozes para tratar das diferentes lutas que as mulheres têm (ainda) que encarar. A comparação com o clássico beneficente capitaneado por Michael Jackson vem de uma das mentoras da gravação, a jovem Tavi Gevison, editora da Rookie, publicação online voltada para o público feminino.

A autoria é de Katy Davidson, nome por trás do projeto Key Losers. Nos vocais: Katie Crutchfield, MNDR, Kate Nash, Kimya Dawson, Suzy X., Tavi Gevinson, Katy Davidson, Marianna Ritchey, Geneviève Castrée, Thao Nguyen, Storey Littleton, Tegan and Sara, Dee Dee Penny (Dum Dum Girls), Ted Leo, Aimee Mann, Psalm One e Carrie Brownstein.

As moças cantam versos como "They mansplain every night and day/ But they can't mansplain our freedom away". "Mansplain" é um verbo fruto do neologismo e que, por isso, ainda não tem tradução direta para o português, mas pode ser entendido como a imposição da visão masculina para explicar uma determinada questão. Talvez algo como "eles impõem sua visão de mundo noite e dia, mas não vão impor a minha liberdade".




Em maio, a rapper norte-americana Sizzy Rocket fez uma espécie de revisão histórica ao reescrever os versos de "Girls", dos Beatie Boys, incontestavelmente um dos clássicos do trio nos anos 1980, mas também uma ode ao sexismo dados versos como "Girls - to do the dishes/Girls - to clean up my room/Girls - to do the laundry" (Garotas - pra lavar a louça/ Garotas - para limpar meu quarto/ Garotas - para lavar roupas).

A música já havia sido retrabalhada em favor das moças no fim de 2013, quando uma fabricante de brinquedos norte-americana usou uma paródia da letra para promover seus brinquedos, todos intencionalmente voltados para desenvolver em meninas o interesse por ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Sizzy deu mais um passo à frente e reescreveu os versos de modo a criar uma versão que fortalecesse jovens garotas, segundo a própria. Ela canta: "They have no idea / the pressure that we have to feel / be skinny / be pretty / have sex appeal / bend over / give it to me like you want a record deal" (Eles não têm a ideia da pressão que sofremos. Seja magra, seja bonita, seja sensual, se curve e se entregue a mim já que você quer um contrato assinado).




Ainda em meados do ano, o quarteto de Seattle Tacocat usou ironia na música "Hey Girl" para esbravejar contra o assédio nosso de cada dia que as mulheres sofremos ao andar pelas ruas, como bem mostraram o viral da moça que recebeu mais de 100 cantadas em 10 horas de caminhada pelas ruas de Nova York e o projeto Chega de Fiu-Fiu. Um bônus-track das moças de Seattle que também merece ser ouvido é a faixa "Crimson Wave", um convite bem humorado à aceitação positiva da menstruação.




Quase aos 45min do segundo tempo, a inglesa Charlie XCX fecha bem a lista com a faixa "Body of My Own", presente em "Sucker", álbum lançado agora em dezembro. A nova música ajuda a ampliar a coletânea de temas pop dedicados à masturbação feminina e ainda afirma com todas as letras: ele sente muito mais prazer sozinha do que com aquele cara mais ou menos.


26 de nov. de 2014

Vem cá que eu vou te explicar a teoria da matemática McCartneyana

Quem viu Paul McCartney em Belo Horizonte no ano passado e não conseguiu repetir a dose no retorno do beatle ao Brasil neste mês pode ficar tranquilo. Com a exceção da ausência do "uai" em seu palavreado e da inclusão de músicas do seu mais recente álbum "New", lançado após o show no Mineirão, não houve quase nada de diferente no show que o músico fez no Allianz Parque, em São Paulo, nessa terça (24).

McCartney é a constante da música pop que permanece inalterada há cinco décadas mesmo com o surgimento de novas fórmulas de sucesso e de se fazer música. Em sua equação que faz de seus shows elementos invariáveis, há precisão que ameaça ser burocrática, mas uma combinação de elementos que indica conhecimento e domínio de gênio sobre a matéria.

A frase "nesta noite vou falar um pouquinho de português" é dita desde 2010 aqui no Brasil logo antes de "All My Loving", sempre a terceira música da noite, e surpreende mais quem a ouve na boca do beatle pela primeira vez (Paul veio ao Brasil em todos os anos desde 2010 e já soma 16 shows no período, em quatro regiões - apenas o norte ainda não recebeu o músico).

Por outro lado, mesmo repetitivas, não perdem o impacto a explosão de emoção na passagem do solo de ukelele para as guitarras em "Something", a sequência quase épica de clássicos em "Live and Let Die"/"Let it Be"/"Hey Jude" ou o dedilhado de violão em "Yesterday".  

As variáveis ficam por conta do que acontece fora do domínio do Sir. Na noite dessa terça, em São Paulo, ficaram a cargo da chuva incessante antes e durante o show, do som mal equalizado em alguns momentos e de uma falha repentina em um dos telões, que ficou totalmente apagado por alguns segundos.

E se Paul é uma constante, assim também o são seus efeitos sobre o público. Turnê após turnê, repetem-se as mesmas cenas: pais, filhos e netos unindo três gerações na plateia, estádios lotados cantando clássicos do século XX em coro, elogios à sua boa forma do alto de seus 72 anos e ao seu carisma.

Difícil distinguir quem reage assim porque acabou de descobrir a fórmula de quem reage dessa forma porque já a conhece e a compreende. Em ambos os casos, o resultado é um só: é uma fórmula ainda incontestável na ciência do pop.

*Originalmente publicado no portal O TEMPO.

4 de nov. de 2014

Chico Buarque lança em 14 de novembro o romance "O Irmão Alemão" (Companhia das Letras), cuja trama é "uma busca pela verdade e os afetos", segundo a misteriosa divulgação feita pela editora - além da sinopse econômica, foi divulgado também um vídeo no qual o autor lê um trecho do livro, o sétimo da carreira de Chico como compositor. Potencialmente um dos lançamentos literários mais badalados de 2014 no Brasil, este não é, porém, o único que envolve músicos atravessando a fronteira da literatura. Estreantes ou razoavelmente veteranos nas letras, outros compositores brasileiros também lançaram livros este ano. Veja:



Tony Bellotto e Bellini e o Labirinto (Companhia das Letras, 280 págs.)
Nono livro do guitarrista dos Titãs e quarto com o protagonista do título, Bellini e o Labirinto traz de volta o detetive particular fã de blues e morador de um apartamento na avenida Paulista. Desta vez, Bellini viajará a Goiânia para negociar com os sequestradores do milionário Brandãozinho, atendendo a pedido de Marlon, parte da famosíssima dupla sertaneja Marlon & Brandão.


Rita Lee e Storynhas (Companhia das Letras, 96 págs.)
Com ilustrações de Laerte, o livro é uma coletânea das micro-narrativas criadas por Rita Lee no Twitter desde 2010, quando a compositora aderiu à rede social. Organizadas para atender ao formato do livro, as histórias ganharam títulos, mas mantiveram a grafia original das mensagens de 140 caracteres, com abreviações, por exemplo.


Vitor Ramil e A Primavera da Pontuação (Cosac Naify, 192 págs.)
O músico gaúcho Vitor Ramil traz referências das manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013 para seu terceiro romance, A Primavera da Pontuação. Com traços de fábula e alegoria, a história transforma sinais ortográficos e regras gramaticais nos personagens da história. Tudo começa quando uma palavra-caminhão carregada de letras garrafais atropela um ponto e foge sem prestar socorro. A pontuação de Ponto Alegre se revolta e protagniza enfrentamentos com o governante, o Regente com problemas de regência, a Passiva, polícia secreta do Estado e os radicais Grego e Latino.


Pitty e Cronografia: uma trajetória em fotos (Edições Ideal, 160 págs.)
O primeiro livro da carreira de Pitty é uma biografia fotográfica da baiana entremeada por textos escritos pela própria artista. Partindo de sua infância, o livro segue para o resgate do início de sua carreira musical nas bandas Inkoma e Shes, relembra a consagração no início dos anos 2000 e abre espaço para o projeto paralelo Agridoce.


Thedy Corrêa e Noite Ilustrada (Belas-Letras, 131 págs.)
O vocalista do Nenhum de Nós lança seu segundo livro de poemas, que gira em torno da insônia e das longas madrugadas encaradas pelo artista em função dos shows com sua banda. O tango como trilha sonora das noites em claro, especulações sobre a insônia de Paul McCartney e a última noite de Natal com os pais são a matéria-prima para alguns dos versos.


Tico Santa Cruz e Pólvora (Belas-Letras, 168 págs.)
Pólvora é o terceiro livro de Tico Santa Cruz e a primeira incursão na ficção. O romance policial parte das incursões criminosas de uma dupla de jovens para fazer uma crítica caricata à realidade política, social e econômica do Brasil.

*Texto escrito para o Brasil Post

1 de out. de 2014



Brody Dalle soltou o verbo contra o clipe de "Booty", single de Jennifer Lopez e Iggy Azalea. Primeiro no Twitter, e depois no Facebook (onde prolongou o assunto porque precisou se explicar mais), Brody lamentou que o vídeo passe a imagem de que J Lo e Iggy são apenas partes de corpos disponíveis para o prazer dos homens (aquela discussão necessária sobre a objetificação, você sabe). Tudo de uma maneira muito bem fundamentada e respeitosa com as mulheres em geral e as duas moças do clipe em particular, em cujos talentos superiores ao físico Brody acredita.

Como Brody se mostrou muito consistente em seu ponto de vista sobre o clipe que enaltece os bunbuns das duas cantoras, queria muito saber o que ela teria a dizer sobre "Tá Pra Nascer Homem Que Vai Nascer em Mim", nova música de Valesca, que usa o popô no nome e no palco ao mesmo tempo em que brada sobre sua autonomia diante dos homens - em um discurso que não é novo e nem revolucionário, mas ainda necessário. E aí, Brody?
 

30 de set. de 2014

A it girl de Pharrell é japonesa

Back to the 90's
Primeiro o Weezer, depois o Belle and Sebastian, agora o Rancid. Parece que estou vivendo em 1999 outra vez e ninguém me avisou. Esse pessoal todo está de disco novo. "Everything Will Be Alright In The End", do Weezer, que você ouve aqui, sai dia no 7 de outubro. "...Honor Is All We Know", do Rancid, sai no dia 27 do mesmo mês. E "Girls In Peacetime Want To Dance", do Belle and Sebastian, sai em 20 de janeiro. 





Pharrell vai ao Japão
"It Girl", novo single do midas multi-talentos, é um mini-anime com toques de psicodelia japa. Todo mundo amou, todo mundo aplaudiu, mas mais alguém lembrou que lá no início dos anos 2000 o Daft Punk também entrou na onda dos mangás com o "Discovery", aquele que tinha "One more time...". Cada faixa ganhou um clipe, e juntos os segmentos deram vida ao filme "Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem". Será que a dupla robótica andou dando umas ideias pro Pharrell?



Bono disse que a próxima turnê do U2 vai priorizar arenas
O que vai ser da gente sem os palcos megalomaníacos? O U2 é o U2 em partes porque concebeu os palcos absurdos da Zoo TV, da Pop Mart, Vertigo e 360º e, com isso, ofertou ao público espetáculos de rock em sentido pleno, com megaestrutura de palco, imagem e luz, e música de verdade, feita ao vivo. Não quero ver palco mirrado na nova turnê, viu, Bono?

25 de set. de 2014

Morrissey é um dos assuntos favoritos deste blog, você já deve ter notado. É impossível não falar de Moz, até porque ele gera notícias com muita facilidade. Como ignorar, néam? A mais nova delas é que, depois de séculos, o maior inglês vivo finalmente lançou uma loja de merchandising oficial.

São camisetas, moletons e assessórios que carregam o espírito Morrissey na forma ou no conteúdo - seja nas camisetas que estampam a frase "Be Kind to Animals or I'll Kill You" ou nas mini-luvas de boxe, ótimas para descarregar fisicamente o ódio tipicamente "morrisseyano". Tem também uns itens no estilo trocadilho infame em referência a algumas músicas dos Smiths. Confira e compre aqui.


23 de set. de 2014

Weezer se descuida na internet e deixa à mostra o disco novo quase inteiro

Está ficando tão na moda liberar faixa de disco novo na internet aos poucos, como uma espécie de tira-gosto, que às vezes uma parte razoável do disco acaba sendo liberada antes. Me dei conta disso hoje quando li que o Weezer liberou hoje a música "The British Are Coming". Juntando os cacos, é a sétima faixa de "Everything Will Be Alright in the End" que eles jogam na rede. Antes, a gente já conhecia "Back to the Shack" e "Cleopatra", além de teasers de "The  Waste Land", "Ain't Got Nobody", "Go Away" (com Bethany Cosentino, do West Coast) e "Lonely Girl" . Juntei as sete abaixo pra começar a ter uma noção do que vai ser esse disco, o primeiro em quatro anos.

"Everything Will Be Alright in the End" sai só no dia 7 de outubro. Ainda dá tempo de liberar mais umas entradinhas pra gente. Mata o apetite da gente, Cuomo!

 







22 de set. de 2014

Ritinha tá aí pra despertar seus desejos consumistas

A descolada Adidas Originals, que já usou Four Seasons e Snoop Doog como trilhas de seus ótimos comerciais, e ainda colocou Noel Gallagher no meio disso tudo, deu mergulhos mais profundos na música este ano e colocou recentemente nas lojas coleções assinadas por Pharrell Williams, Rita Ora e uma terceira em homenagem ao Run DMC, cool do cool dos anos 1980.

Começando pelas moças, Rita Ora despejou de uma só vez cinco mini coleções que redesenham modelos clássicos da marca: Black (peças boyish), Pastel (referências românticas) e Colorblock Packs (esportivo), já nas lojas, e Spray (inspiração urbana) e Roses (estampas que evocam a natureza), à venda a partir de novembro. Mesmo com a variedade de conceitos, a jaqueta clássica da Adidas impera nas coleções. Mudam as modelagens e a cartela de cores, além de alguns detalhes, como transparências, telas e recortes propositalmente criados para deixar um pouco de pele à mostra, naquele jeitinho ~sexy sem ser vulgar~.



Já Pharrel Williams, aquele moço polivalente que neste já colaborou também com a Uniqlo, propõe uma coleção ecologicamente correta, com peças feitas a partir de detritos de plástico reciclado. São tênis e jaquetas bem na linha do color block, em tons de preto, vermelho e azul unicamente.



O Run DMC, por sua vez, ganhou uma ode em forma de camisetas, moletons e casacos com a logo do grupo mesclada a linhas que evocam a Nova York onde o trio se formou. Nas peças, dominam o branco, preto e vermelho, trinca de cores que foi apropriada pelo visual do Run DMC, anos antes do White Stripes sonhar em existir. Uma homenagem justa aos caras que já naturalmente transformaram as três listras da Adidas em parte de sua imagem.



Veja mais: www.adidas.com.br/originals

10 de set. de 2014



Do mainstream ao indie, passando por você, ninguém resistiu a cantarolar "i'm so faan-cy, you already kooooow" nos últimos meses. Não deu outra. "Fancy", da rapper australiana Iggy Azalea, foi coroada como a música do verão pela revista Billboard neste mês, e este não é um exagero das recorrentes listas pretensamente definitivas da imprensa musical. Na verdade, há uma lista de razões para justificar o que a publicação norte-americana chancelou.

Sucesso comercial
Comercialmente, o equivalente ao "Beijinhho no Ombro" do lado de lá foi o sonho de qualquer executivo da indústria e fez todo mundo comer poeira na parada da Billboard. Num período de 14 semanas, "Fancy" liderou as medições que combinam execuções no rádio, reproduções em streaming e vendas - daí o título concedido pela revista ao final do período.

Viral 
De sua parte, o público não só ouviu a música e comprou o disco/single, como deu um grande empurrão no sucesso da música ao viralizá-la na web. O YouTube indica quase 2 milhões de resultados para "iggy azalea fancy cover". Até quem, em tese, não tinha nada a ver com isso entrou na onda e abriu os braços para o rap ostentação da australiana. O indie foi contaminado pela febre com sintomas apresentados pelo Killers, que entregou cover mais melódica, ao piano; e pelo Kasabian, que fez um cover acústico com direito a muitas cordas, de violões e violinos.

Iggy é a nova Cher (a da ficção), e ainda melhor
Por trás da precisão dos números está o apelo irresistível de música e clipe. A paródia, no clipe, do filme "As Patricinhas de Berverly Hills" (1995), foi certeira não só por embarcar na onda de revival que atinge agora os anos 1990 com um clássico do cinema adolescente daquela década. Como se não bastasse estimular a memória afetiva da infância e adolescência de muita gente ao reencarnar Cher, a protagonista do filme, Iggy mostra que a personagem pode ser ainda mais interessante, com sua versão mais desafiadora, insolente e auto-confiante da estudante interpretada por Alicia Silverstone (a moça da trilogia Crazy, Crying, Amazing do Aerosmith). E pra quem é jovem demais para pescar as referências ainda resta o apelo eterno do ambiente colegial para o público mais novo, que tem servido de Malhação a Britney Spears em "Baby, one more time".

Refrão-desejo
Por último e talvez mais importante, "Fancy" tem refrão (cantado pela inglesa Charli XCX) que não é simplesmente chiclete, o que já bastaria para pavimentar o caminho do hit. É um refrão chiclete que todo mundo quer cantar para fantasiar e esfregar na cara "dazinimiga" que é chique e extravagante. Ninguém resiste, ninguém escapa. Sem mais, o carro-chefe do disco de estreia de Azalea, "The New Classic", é o novo clássico da década.



9 de set. de 2014

Se você não sabe quem é essa moça, faça o favor de saber

Quase ninguém sabe que Kathleen Hanna é a moça que um dia pichou "Kurt Smells Like Teen Spirit" no muro da casa do vocalista do Nirvana, desencadeando no músico a ideia para um dos principais hinos do rock nos anos 1990 e um dos responsáveis por fazer o rock alternativo furar a barreira do mainstream. A maioria (dentro, infelizmente, de uma minoria que vai a fundo no underground da década do grunge) sabe que Kathleen foi vocalista da banda Bikini Kill e fundadora do movimento riot grrrl, que colocou o feminismo na pauta do rock naqueles mesmos anos 1990.

É maravilhoso que o legado maior da artista seja o mais conhecido, mas é saudável também que pequenos detalhes de sua bela biografia venham à tona para uma audiência maior, e finalmente os diferentes pesos dessa mesma história ganham relevo em "The Punk Singer". O documentário, em cartaz no Brasil no Indie Festival, em BH e São Paulo, é a cinebiografia da artista, com direção da estreante Sini Anderson, amiga pessoal de Hanna.

O formato do filme segue os moldes tradicionais de um documentário, mas não perde o brilho por resgatar a história da moça em um momento em que há muita história pra contar. Após o despertar para o feminismo e atividade no Bikini Kill até 1997, Kathleen fez um disco solo e fundou duas outras bandas, Le Tigre e The Julie Ruin.

Nesse meio tempo, foi diagnosticada com a doença de Lyme, desencadeada por uma bactéria que afeta funções neurológicas e musculares. O diagnóstico tardio, como foi o caso de Kathleen, torna os efeitos da doença ainda mais forte - o The Julie Ruin teve que suspender os planos de uma turnê neste ano justamente por causa do estado de saúde da artista. O documentário também brilha quando toca no assunto da doença ao ser informativo e nada piegas.

Uma das grandes histórias do rock que faltava ser contada. Não falta mais. Que tenha bastante gente pra conhecer essa história é o próximo passo.


8 de set. de 2014

Rihanna: MAC e Alexander Wang + H&M

As moças do pop estão fazendo a farra na Semana de Moda de Nova York. Trabalhando, promovendo a carreira ou simplesmente causando, Gwen Stefani, Rihanna, Miley Cyrus e Nicki Minaj fazem o evento ficar interessante para além dos desfiles (btw, o que foi a coleção da Diane, gente?).

Gwen, se você não sabe, além de mãe, cantora/compositora e esposa, também é estilista com 11 anos de estrada à frente da L.A.M.B, uma das grifes a desfilar nesta fashion week. Estampas gráficas e tribais e o bicolor clássico preto e branco colorem a coleção em que prevalecem as calças inspiradas na alfaiataria, mas com espaço para saias e vestidos midi e longos com algum decote ou fendas.


RiRi, por sua vez, dá sequência à parceria hit com a MAC e apresenta mais produtos da linha Viva Glam, cujas vendas têm parte do dinheiro revertida para ações de apoio a pessoas com HIV. A cor da vez é um chocolate - batizado Viva Glam 2, evocando os 90's feelings da marca, já evidenciados também pela parceria com Lorde e seu dark Heroin. Um gloss em leve tom de lilás completa a nova mini coleção da linha Viva Glam. Indiretamente, RiRi atuou como garota propaganda de Alexander Wang, que assina coleção especial para a H&M. A cantora apareceu usando duas peças com jeitão esportivo-academia que estarão nas lojas da Histeria & Magia (não é?) a partir de novembro.



Nos bastidores do desfile de Wang quem causou foi Nicki Minaj, que tentou ensinar às modelos que desfilariam para a marca os movimentos de sua Anaconda. As moças se esforçaram, mas vamos todos agradecer o fato de ser Nicki a cantora e dançarina da história, neam?




Como não poderia deixar de ser, Miley Cyrus ganha sua parcela nas manchetes, desta vez com uma exposição de arte com criações próprias. As obras serão reveladas durante o desfile de Jeremy Scott, na quarta (10), e ficarão expostas nas semanas seguintes na galeria da V Magazine, também em Nova York. Miley apresenta "Dirty Hippie", uma coleção de esculturas criadas com objetos coletados ao longo de sua turnê ou dados a ela por fãs. Aguardemos as imagens.

4 de set. de 2014

Versão moça e rapaz de "Every Other Freckle"

Mostrando que clipe é coisa ainda muito séria, o Alt J lançou hoje não um, mas dois clipes para a faixa "Every Other Freckle", primeiro single de seu segundo álbum, "This is All Yours", com lançamento previsto para este mês. Etiquetados pela própria banda como versão "Girl" e versão "Boy", os dois clipes trazem exatamente os mesmos takes (gatos envolvidos no processo, além de imagens abstratas e da natureza), com os mesmos enquadramentos, mas diferem entre si pela figura humana: em um, uma atriz; em outro; um ator. Qual versão é para os meninos e qual é para as meninas é uma escolha que fica a seu critério - e talvez você até escolha os dois. Voilá.


   


2 de set. de 2014

NA NA NA He... ops, Zerô

Você deve saber, "Seven Nation Army", do White Stripes, além de ser uma das grandes músicas da década passada, é também o maior hino de futebol de todos os tempos do século XXI - virou trilha do tetra da Itália, em 2006, se converteu em hit desde então nas torcidas dos clubes europeus e, finalmente, fez onda no Brasil, primeiro nas torcidas do Inter e do São Paulo e, por último, do Cruzeiro.

Pois o hit de refrão perfeito que foi adotado pelo time desta blogueira para celebrar a reta final da conquista do Brasileirão do ano passado agora dá lugar há um clássico muito maior - até porque os prognósticos de vitória este ano apontam para conquistas maiores, néam? "Hey Jude", dos Beatles, ganhou nesta semana uma versão para a torcida celeste: "NA NA NA Vamos Ganhar/Vamos Ganhar Zêrooooo!!!". Dá para ouvir a versão musicada no site Geral Celeste.

Depois de Paul McCartney, vestindo um terninho azul, ser responsável por uma noite histórica na casa do Cruzeiro, quando, em 3 de maio do ano passado, fez a estreia mundial de sua turnê, tocou músicas dos Beatles que nunca tinham sido tocadas ao vivo, e ainda por cima disse uai, nada mais justo.

28 de ago. de 2014

Beyonçona foi só a ponta do iceberg do poderio das moças neste VMA

Agora que o furor diante da performance de Beyonçona deu uma acalmada, já que estamos todos pasmos diante do dilema ser gato ou não ser/ser gente ou não ser da Hello Kitty, é hora de voltar o olhar novamente para o VMA, com mais calma, e sentenciar: este foi o VMA das mulheres. Os 15 minutos acachapantes de show de Queen Bey já seriam suficientes para sustentar a constatação, mas houve muito mais demonstrações de girl power do que as Spice Girls poderiam prever quando jogavam na roda do pop a ideia de poder de garotas meio que a esmo lá no fim dos anos 1990.

Comecemos, claro, pela mãe da Blue Ivy, que é a ponta do iceberg de toda essa história. Em 15 minutos, alinhavou poder, domínio, feminilidade, maternidade e - olha só que lindo - feminismo, essa palavra que assusta tanta gente, apesar de Beyoncé ter apresentado um sentido bastante simples e claro do sentido que ele pode carregar. Criou polêmica, claro, porque o mundo ainda não está completamente preparado para ver uma mulher se auto-afirmar com tanta convicção, completude e perfeição (she's flawless!), mas ao mesmo tempo fez o imenso favor de colocar a internet para discutir e pensar sobre os sentidos do feminismo.

Mas antes que Bey sintetizasse o poderio do mulheril e roubasse com certa justiça os holofotes, tivemos a mocinha Lorde fazendo história ao ser a primeira mulher a levar o VMA na categoria clipe de rock. Ok, não há nada que soe esteticamente como rock em uma nota sequer de "Royals", mas é fácil se convencer de que Lorde é uma artista de rock na essência e no comportamento. Com seu jeitão dark, meio Vandinha da Família Adams, desengonçado e introspectivo, vai na contramão das atuais vozes femininas em evidência, focadas no pop colorido e feliz. E é disso que o rock e suas vertentes têm se alimentado para ganhar sentido (pelo menos costumava ser assim lá nos primórdios): ir contra tendências dominantes.

E antes que Lorde abocanhasse mais um prêmio ainda tivemos Nicki Minaj, Ariana Grande e Jessie J, individualmente e juntas, quebrando a banca com a segunda performance mais memorável da noite. Da trindade pop até Queen Bey a mulherada também dominou os prêmios deste VMA. Foram sete categorias de prêmios. Excluindo as categorias de gênero, melhor vídeo feminino e melhor vídeo masculino, das cinco restantes, quatro foram vencidas por moças:  Miley Cyrus, "Wrecking Ball" (vídeo do ano), Ariana Grande e Iggy Azalea, "Problem" (vídeo pop), Lorde, "Royals" (vídeo de rock), Fifth Harmony, "Miss Movin On" (artista revelação) e Hayley Williams, na parceria com o mocinho Zedd, "Stay the Night" (prêmio Clubland).

Abalou Bangu. Abalou tanto que acho até que o M de VMA virou de ponta-cabeça e virou um W, de Woman.

25 de ago. de 2014

Até em festival de metal eu fui parar. Foto: Petr Hoffelner/www.hofik.cz

Espero voltar às atividades normais deste blog assim que o meu corpo voltar às atividades normais do ritmo dos trópicos, mas por hora finalizo a sequência de posts de retomada da primeira temporada do Festivalando rumo aos festivais de música do velho continente.

Depois de Montreux, na Suíça, fui para Berlim, na Alemanha, presenciar a resistência da comunidade punk no Resist to Exist. De lá, fui para a República Tcheca para participar do meu primeiro festival de heavy metal, o Brutal Assault. Fui, encarei, gostei e recomendo a experiência. Terminei a via crucis em Budapeste, na Hungria, com a encrenca do Sziget, o pior festival de música que você pode querer um dia ir na sua vida. Logo mais tem mais.

6 de ago. de 2014

Depois de ignorar Damon em Roskilde, não tive como escapar dele em Montreux


Nessa coisa de ir pra lá e pra cá em festivais de música pelo Festivalando, acabo me esbarrando com quem está para vir tocar no lado de baixo do Equador e, às vezes, acabo me esbarrando mais de uma vez, já que o apinhado calendário de festivais de verão na Europa acaba repetindo muitas atrações. Foi o caso de Damon Albarn, que já está com show confirmado na Argentina em outubro desse ano (data no Brasil, cadê?).

Ele fez um show em Roskilde, na Dinamarca, e não fiz o mínimo esforço para ir assistir. Motivo: tinha achado "Everyday Robots", seu novo disco meio tedioso. Quando cheguei em Montreux, na Suíça, lá estava Damon novamente prestes a fazer um show. Com a consciência um pouco pesada, afinal ele me deu um dos melhores shows da vida junto com o Blur, no Planeta Terra, no ano passado, me senti obrigada a dar uma segunda chance ao repertório de "Everyday Robots". Melhor decisão possível, pois o show desse novo disco é, na verdade, um showzaço. Lá no site do Festivalando, projeto de turismo musical que visita festivais de música pelo mundo, eu conto como foi a gloriosa noite do Damon em Montreux.

4 de ago. de 2014

Montreux te presenteia com progração gratuita e uma vista deslumbrante da riviera suíça

Ir ao Festival de Montreux foi a realização de um sonho. Finalmente lá estava eu presente nessa instituição cheia de história e charme dos festivais de música. Não tinha como ser decepcionante, mas também não imaginava que superaria minhas expectativas. Senti em Montreux uma atmosfera incrivelmente convidativa e ainda fui presenteada com uma das mais belas paisagens naturais que já vi na vida: o lago Leman e os alpes suíços, contíguos em um mesmo cartão postal. Fui pra lá pelo Festivalando, projeto de turismo musical que visita festivas pelo mundo, e compartilho neste texto aqui as maravilhas desse evento na estonteante riviera suíça.

1 de ago. de 2014

Tem música boa vindo da Suécia

Descobri o festival Popegoja, na Suécia, na necessidade de encontrar um evento gratuito naquele país, e acabei ganhando muito mais que economia com dinheiro para ingresso. O festival, que foi a segunda parada do Festivalando, novo projeto de turismo musical que visita festivais de música pelo mundo, é uma vitrine de novidades da cena sueca. Descobri sons bem legais que estão sendo feito na Escandinávia por agora e destaco alguns deles neste post aqui lá no Festivalando. A propósito, o Popegoja é um festival bem sossegado, num parquinho, ideal pra curar a lomba que ficou do furacão que foi o Roskilde. A Gra, que está nesse projeto junto comigo, conta aqui sobre a atmosfera do festival. Vai lá!

30 de jul. de 2014

Dizem que Mick vai tocar no Mineirão, mas acabei esbarrando com ele lá na Dinamarca

Na minha viagem para o Festivalando, projeto de turismo musical que visita festivais de música pelo mundo, tenho me esbarrado inevitavelmente em bandas que estão fazendo as malas para o Brasil. As duas primeiras delas eu encarei ainda no Roskilde Festival, na Dinamarca, no fim de junho: Rolling Stones e Arctic Monkeys.

Os Stones ensaiam uma turnê pelo Brasil no início de 2015. Não há nenhuma confirmação oficial, mas os boatos que vêm se arrastando nos últimos meses já estão se transferindo para o nível dos rumores cada vez mais sólidos. Segundo o jornal Destak, BH, São Paulo e Rio devem receber os ingleses em fevereiro ou março do ano que vem. Com toda sinceridade, conto aqui que o show na Dinamarca não foi assim aquela Brastemp, mas foi uma experiência extremamente necessária e importante na minha vida.

Já os Monkeys estão com datas marcadas (e já esgotadas) para 14 e 15 de novembro, em São Paulo e no Rio, respectivamente. Em Roskilde, o repertório ótimo do "A.M" foi prejudicado por um roteiro que deixa o show meio sonolento em determinado ponto. Teve um show de poses do Alex também. Sobre esse show eu falo aqui.

28 de jul. de 2014

Acredite, dinamarqueses também sabem pirar e fazer festa loucamente

Contei aqui ontem que estou em viagem pela Europa para acompanhar festivas de música em razão de um novo projeto, o Festivalando, um site de turismo musical. Pois a primeira parada dessa rota festivaleira foi o Roskilde Festival, na Dinamarca. Já um quarentão (ele é realizado desde 1971), o Roskilde me apresentou novas possibilidades e mudou muito o que eu mesma entendo por ser um festival de música. Depois de quase uma semana imersa num festival com nunca antes, saí de lá apaixonada, com vontade de voltar outra vez, e com a mente cheia de novos conceitos. Conto um pouco sobre isso neste texto aqui e acho que você deveria ir lá no Festivalando ler.

27 de jul. de 2014



Sumi sem avisar e deixei isso aqui acumular teia de aranha, não é mesmo? Mas é que uma viagem de dois meses por seis países diferentes dá uma bagunçada na vida da gente, mais ainda quando ela envolve trabalho. Mas hoje, na metade desses dois meses, finalmente consegui parar para dar satisfações por aqui. Estou em uma cruzada de dois meses pela Europa para acompanhar alguns festivais de verão por aqui. Tudo isso está sendo documentado pouco a pouco no Festivalando, projeto novo feito em parceria com as sisters Gracielle Fonseca e Paula Costa.

A ideia fundamental, amparada pelo conceito de turismo musical, é viajar pelo mundo para festivais de música e chamar atenção das pessoas para as experiências que se vive nesse tipo de evento. Entrelaçado com tudo isso, dicas e impressões sobre lugares, comidas e situações com as quais a gente se esbarra quando se está em viajem.

Começamos com nossas impressões sobre festivais brasileiros (porque a gente viaja pelo Brasil também, uai!) e contamos um pouco das nossas impressões sobre o Lolla, o Rock in Rio e o Roça in Roll. Agora, nesta primeira temporada de viagens, passamos pelo Roskilde, na Dinamarca, Popegoja, na Suécia, e Montreux, na Suíça. Nesta semana, tem dose dupla de Alemanha com o Resist to Exist e Wacken. Depois, seguimos para a República Tcheca, onde acompanhamos o Brutal Assault, e encerramos essa primeira turnê festivaleira no Sziget, na Hungria, já na segunda quinzena de agosto.

Até lá, vou continuar sem aparecer por aqui com outro assunto senão o próprio Festivalando. Nos próximos dias, vou recapitular alguns dos highlights dessa imersão no universo dos festivais de música. Se você quiser, pode ir lá direto no site e ler uma parte ainda pequena do grande conteúdo que a gente tem para despejar.


21 de jun. de 2014

"Justin Bieber é o futuro do rock", diz Iggy. OI Q???

Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei:

- Anistia Internacional usa Iggy Pop e Justin Bieber para mostrar a ineficácia da tortura

- Morrissey homeopático: mais uma faixa do novo "World Peace is None of Your Business", "The Bullfighter Dies"

- Warpaint faz cover de Duran Duran para tributo à banda. Ouça "The Chaffeur"

- Superjam: Skrillex, Lauryn Hill, Warpaint e Janelle Monae dividem o palco no Bonnaroo

- Os meninos ferdinandos estão de volta por completo: turnê do Franz Ferdinand no Brasil passa por São Paulo, no dia 30 de setembro, e no Rio, no dia 2 de outubro, como já havia sido anunciado

- Um clipe bonito para uma música bonita: "Shades of Cool", da Lana del Rey

- Josh Homme apresenta a nova "Villains of Circumstance"

- Interpol também tem novidade: "Anywhere"

- Metallica lança versão oficial de "Lords of the Summer"

20 de jun. de 2014

Eles são uma banda videoclíptica

Tente mencionar o nome de uma música do Ok Go. Ou ao menos cantarolar. Talvez não seja tão fácil assim. Agora tente citar um clipe da banda. É provável que imagens mais marcantes surjam na sua memória - as coreografias improváveis na esteira, o plano sequência no estilo de abertura do Rá-Tim-Bum, os cachorros fofinhos.

Talvez um caso inédito na história, o Ok Go virou uma banda que se sobressai exclusivamente por causa de seus vídeos do que por suas músicas. E isso de modo algum é uma coisa ruim (e vamos ser justos, a música da banda é bem agradável). Já há umas duas décadas aproximadamente que o consumo de música tornou-se em, partes, uma atividade audiovisual, muito em função da MTV. O Ok Go é a coroação disso.

Nesta semana, a banda deu mais um passo no sentido da consolidação dessa condição com "The Writing on the Wall". Com a benção de Escher e Dali, o vídeo brinca o tempo todo com a ilusão de ótica em planos milimetricamente montados com pinturas, espelhos e umas parafernálias. E disseram uns anos atrás que o clipe estava na pior. Se isso está na pior, pohãn...

Veja o clipe:



17 de jun. de 2014

A Copa é pop, a Copa é hit

A Copa começou com gol contra e pênalti duvidoso, continuou com muitas viradas, alguns poucos empates e surpresas e uma média de gols maior que a de edições anteriores. Tem gringo falando que é a Copa das Copas, tem meme pra mais de metro e não se fala de outra coisa. É um hit mundial a Copa do Fuleco. E se a Copa é pop e a música é uma linguagem universal, juntar as duas coisas pode te ajudar a entender nestes primeiros jogos. É mais ou menos assim que se configura a parada de sucessos do futebol ao fim da primeira rodada:

A Espanha, atual campeã do mundo, é aquela banda que passa pela crise do segundo disco. Fez um baita sucesso no primeiro trabalho, mas na busca pelo bi corre o risco de virar um cover de si mesma por causa da falta de renovação. O primeiro sintoma foi o 5 a 1 aplicado pela Holanda, que é como aquela banda indie super competente, mas que inexplicavelmente nunca atingiu o estrelato. Pode ser que o sucesso mundial finalmente venha agora, mas historicamente é aquela banda que não cruza a fronteira do mainstream mesmo tendo estabelecido referências usadas por muita gente. É um Velvet Underground.

Portugal é o Bon Jovi da Copa. Tem aquele cara bom de hit e bonitão ali na frente e só. Sem alguém como Richie Sambora para armar o ataque fica pior ainda. Cristiano Ronaldo, coitado, responde por um time inteiro, assim como Jon Bon Jovi é praticamente uma metonímia para sua banda, o Bon Jovi.

Os Estados Unidos surgem como aquela banda amadora que passou anos tocando em churrasco e agora resolveu contratar um empresário sério para dar um rumo mais profissional para a carreira. Como o chefe é do ramo (Jürgen Klinsmann, campeão mundial pela Alemanha em 1990) e os caras finalmente estão levando a sério o negócio (gente, os americanos estão se empolgando com uma Copa do Mundo), pode ser que tenhamos pela frente uma novidade interessante.

Chile, Bósnia, Croácia e Bélgica são como aquele pessoal da ~world music~: não seguem a linha do pop mainstream, a crítica especializada costuma apostar, mas eventualmente não se converte em sucesso estrondoso. A Costa Rica é séria candidata a one hit wonder por conta dos 3 a 1 sobre os bicampeões do Uruguai, mas se ganhar mais uma vira o hype da Copa.

Por fim, tem a turma do classic rock. Os feitos do passado vão parecer sempre mais brilhantes que o presente, mas existe um legado que sempre traz junto consigo certa expectativa. O Uruguai é aquela banda das antigas que resolveu ressuscitar a carreira depois de décadas, você achou que viria coisa boa, mas foi surpreendido por um single muito meia boca na estreia. Inglaterra e França são aquelas bandas que fizeram um disco histórico pra nunca mais e desde então vivem altos e baixos. A Inglaterra começou esta Copa com mais um baixo e a Itália, um alto.

A Argentina, tal qual o U2, liderada por uma figura messiânica e com cara de bom moço, arrastando uma multidão de fiéis na mesma proporção que a multidão de haters, fez sua parte e mostrou que continua grande. A Alemanha, linda, ostenta a dignidade inabalável de um Bruce Springsteen. Goleia Portugal por 4 a 0 com a mesma facilidade com que o Boss faz um show de três horas.

O Brasil é o Stones da coisa toda. O mundo sabe que não se pode simplesmente ignorar os gigantes da história ainda que "Exile on Main St" e "Let it Bleed", assim como as seleções de 1970 e 1982, sejam sempre melhores que qualquer coisa que se faça agora. Faltou show e sobrou polêmica na primeira apresentação, mas polêmica também faz parte do rock. Oh, wait! Será que é conveniente comparar a seleção com a banda do maior pé frio da história das Copas?

16 de jun. de 2014

Jay-Z também tá na Copa!

Você já sabe: tá tendo Copa. E tá tendo muita música da Copa também, e muita música melhor que aquela lá da Fifa, como já provou o Bonde do Rolê. A boa de hoje é "Jungle", remix do senhor Beyoncé, Jay-Z, para "The Game Before the Game", parceria do britânico Jammie N Commons com os norte-americanos do X Ambassadors. Então, na verdade, são duas boas.

Em ambos os casos, as músicas fazem a trilha sonora de um comercial da Beats, marca de fones de Dr Dre, produzido para o mercado norte-americano. Mostrando uma surpreendente capacidade de compreender o espírito da Copa, os americanos, que levam o futebol masculino cada vez mais a sério, revelam os rituais pré-jogo de Neymar, Götze e Chicharito, além de torcedores anônimos e famosos, tais como Serena Williams e Lil Wayne.

Na versão original, de mais de cinco minutos, com música do Commons e dos Ambassadors,  Neymar é a estrela absoluta e abre e encerra o vídeo com uma conversa motivacional com seu pai em belo português, som tão raro para ou ouvidos norte-americanos. No remix de Jay-Z, com versos de tom combativo, o Brasil vira o centro das atenções com referências à Cidade de Deus, o Cristo Redentor e com o rapper se auto-proclamando "o Godzilla das favelas".



Elas têm muito o que ensinar às crianças

Shirley Manson e Brody Dalle, essas duas moças super amigas e super fantásticas, estão mais uma vez unidas pela música, após a recente parceria no single "Girl Talk". Desta vez, a novidade é na linha do, hum, digamos, pop mirim (oi?). As duas são as novas colaboradoras do programa infantil "Pancake Mountain", que foi sucesso na TV norte-americana há cerca de cinco anos e está de volta com nova temporada disponibilizada no YouTube e no site da produção.

O programa, que ficou famoso por incluir gente descolada do mundo adulto para atrair a atenção dos pais, tem em sua temporada de retorno música de abertura composta por Brody, que também estrela a vinheta do programa. Bem fiel ao que é, a mãe da Camille e do Orrin com o papi Josh  não se distancia em nenhum momento da atmosfera punk. Já Shirley participa do segundo episódio da temporada, um longo clipe no qual ela ensina termos básicos do alemão para os pequenos. Wunderbar!

Os novos episódios são divulgados todas as segundas-feiras aqui. A participação das superpoderosas Shirley e Brody você vê abaixo.


14 de jun. de 2014

Drake e Lil Wayne se juntaram à la Street Fighter

Tudo que eu queria ter postado essa semana, mas não postei:

- "Drake Vs. Lil Wayne": não é jogo da Copa nem treta de rapper. É só uma turnê que os dois farão juntos nos próximos meses

- Prime Music x Spotify, Pandora e Beats: não é jogo da Copa, mas é treta. O novo serviço de streaming da Amazon quer competir com os demais

- Nile Rodgers manda "Get Lucky" ao vivo

- Psy vive, ainda por cima em dueto com Snoop Dogg em "Hangover"

- Mais uma nova do Morrissey com début ao vivo em Boston: "Kick the Bride Down the Aisle"

- Mais um cancelamento do Morrissey: shows da turnê americana são cancelados por motivos de saúde. Paul McCartney também cancelou shows de junho nos EUA por recomendações médicas e só volta aos palcos em julho

- Arcade Fire toca Echo and the Bunnymen que toca Velvet Underground

- Weezer anuncia disco novo: "Everytinhg Will Be Alright in the End", ainda sem data de lançamento

13 de jun. de 2014

Vai ter Jack White e Bonnaroo na sua TV


Os canais BIS e Multishow transmitem de hoje (13) a domingo (15) alguns dos shows do festival Bonnaroo, que acontece desde ontem no Tennessee, nos Estados Unidos. Serão 17 shows, um compilado razoável, mas apenas um recorte das mais de 30 atrações diárias que o evento apresenta.

Na seleção que foi liberada para o Brasil, Damon Albarn e Jack White lideram o lineup novidadeiro. Ambos apresentam shows de seus mais recentes trabalhos solo, "Everyday Robots" e "Lazaretto", respectivamente. O show de Damon pode servir como tira-teima para o público brasileiro: assista e veja se o novo trabalho funciona bem ao vivo ou não (desconfio que não), e decida se vale vê-lo ao vivo em uma possível turnê brasileira no segundo semestre (um show na Argentina, no dia 7 de outubro, foi confirmado esta semana). Já o show de Jack é o début grandioso e cheio de frescor do novo trabalho que foi lançado na última terça (10) - um recém-nascido.

Em clima de repeteco, Vampire Weekend e Disclosure, que passaram pelo Brasil no Lolla deste ano, também terão seus shows exibidos por aqui. Elton John e Lionel Ritchie, alguns dos nomes de mais peso do festival (em termos históricos), arrematam a programação que será transmitida no Brasil.

Veja abaixo a programação completa.

AO VIVO NO MULTISHOW
SEXTA (13/06)
00:00 -  Kanye West (apresentação aguardando confirmação)

SÁBADO (14/06)
22:00 -  Lionel Ritchie

DOMINGO (15/06)
23:30 - Elton John

AO VIVO NO BIS
SEXTA (13/06)
18:45 - Ben Howard
19:30 - Janelle Monáe
20:30 - Danny Brown
21:30 - Vampire Weekend
22:45 - Pusha T

SÁBADO (14/06)
18:45 - Dr Dog
19:45 - Damon Albarn
21:00 - Phosphorescent
23:30 - Chromeo
00:30 - Jack White

DOMINGO (15/06)
18:45 - Disclosure
20:00 - Warpaint
21:00 - The Avett Brothers
22:30 - City And Colour

12 de jun. de 2014

O Bonde tá na Copa


Habemus música da Copa, finalmente. Quando parecia que o beco estava sem saída, com Jennifer Lopez e Pitbull te cercando de um lado, e Fernanda Takai e Paulo Miklos de outro, o Bonde do Rolê surgiu dando golpes de power rangers aniquilando as inimigas. O trio curitibano apresentou ao mundo "Na Copa do Brasil Só Vai Ter CRAQ", que dá o recado em apenas 1:36.

É rapidinha, bem direta, até porque não há muito o que dizer. Mas tem aquele jeitinho le lek do futebol brasileiro, da ginga e da música local (Phd em trocadilhos infames), além de uma colagem de referências espertas.

#játátendocopa - com gol contra, pênalti roubado e tudo mais



St Vincent bate um bolão

Bem. Não se trata exatamente de uma interseção do pop com a Copa, pois o vídeo é do início do ano, mas o pontapé inicial para o mundial, hoje, fez o material ressurgir das profundezas da internet. Trata-se de imagens da moça St. Vincent ensinando como se faz uma lambreta. Bem no estilo vídeo-tutorial, a cantora evoca o nome de Pelé para em seguida mostrar o passo a passo do drible, que no inglês foi batizado de rainbow kick.

Mas por que justo ela?  Porque St Vincnet, como a própria revela no vídeo, jogou futebol até os 12 anos, e executar bem uma lambreta era uma de suas obsessões. Ela nunca chegou a utilizar o drible em jogo, mas sempre se dedicou a treiná-lo. Quando descobriu a guitarra, também aos 12 anos, a obsessão mudou de foco e ela trocou o esporte pela música.

Veja o vídeo abaixo.


9 de jun. de 2014

Sim, dá para amar Josh Homme cada vez mais

Eu sei, a simples existência de Josh Homme já traz algumas centenas de motivos para amá-lo loucamente. Mas o frontman mais macho alfa da história adicionou mais uma razão à lista neste fim de semana. Durante o show de seu Queens of the Stone Age no Rock am Ring, festival alemão realizado na cidade de Nuremberg, Josh interrompeu a introdução de "A Song for the Deaf" para dar uma bronca nos seguranças do evento que impediam o pessoal da plateia de subir nos ombros dos outros, aquele recurso básico que muita gente usa pra ver um pouquinho melhor o palco. Em um ímpeto lindo de desobediência civil, Josh desautorizou a segurança e falou para o pessoal fazer o que bem entendesse.

Não sabia que isso era prática em festivais gringos, mas quem frequenta festivais aqui já deve ter visto cena semelhante quando alguém do público é colocado sobre os ombros de outra pessoa. Imediatamente os seguranças pedem que a pessoa desça. A desculpa, segundo corre por aí, é que isso atrapalha a visão de quem está atrás. Sim, atrapalha. Mas, pohãn, ninguém fica o show inteiro nos ombros de outra pessoa. Quando muito, uma musiquinha só. Que mal há?

Com tantas câmeras impunemente sendo levantadas em shows, igualmente atrapalhando a visão dos outros, mas orincipalmente alienando o dono da câmera em questão da experiência ao vivo, um gesto que te integra ao espetáculo não deveria ser tolhido. De maneira muito menos rebuscada e muito mais deliciosamente badass, o Ginger Elvis resumiu a ideia:

"Você não tem que descer do ombro desse cara. Vocês podem subir nos ombros dos outros, você podem curtir, vocês podem fazer o que quiserem. Não escutem a porra desse cara aqui. Subam nos ombros dos outros, enlouqueçam. Essa noite é de vocês, porra. Não deixem esses filhos da puta dizerem o que vocês devem fazer. Fodam-se esses caras"

Hero.

No vídeo abaixo, que traz o show do QOTSA completo em alta qualidade, a sequência começa na altura do minuto 58.


Um deles abençoou a seleção inglesa, o outro pode zicar o ataque norte-americano

Agora não tem mais volta. Parece que vai ter Copa mesmo. E, ainda por cima, com a benção de Morrissey. Indo na contramão de toda uma nação, o maior inglês vivo desejou sorte pessoalmente à seleção inglesa. O receptor da honrosa mensagem positiva foi o lateral-esquerdo Leighton Baines, que juntamente com o restante da seleção, estava hospedado no mesmo hotel que Moz em Miami.

Um indie no futebol, fã de Tame Impala e Miles Kane, Baines contou ao jornal The Mirror que abordou nosso ranzinza preferido após certo nervosismo (pois ele também é fã de Smiths) e recebeu a reação simpática do ex-Smiths. Como nada é perfeito, Baines ficou #chatiado ao perceber que, além dele, só o auxiliar técnico Gary Neville reconheceu Moz.

Da Inglaterra para os Estados Unidos, um nome para você prestar atenção nesta Copa é Chris Wondolowski, atacante do Exército do Tio Sam (Sam's Army), apelido que a seleção yankee ganhou. Não que ele seja candidato a disputar a artilharia da Copa e brilhar como se espera que Neymar brilhe, mas porque ele tem um dos rituais pré-jogo mais pitorescos que se poderia imaginar.

Antes de uma partida, ele entra em campo e visualiza as redes do gol devidamente paramentado com seus fones de ouvido, que tocam os discos do Jay-Z "Reasonable Doubt", "The Blueprint" e "Magna Carta", exatamente nesta ordem. O propósito é concentrar-se e entrar no clima do jogo. A história completa está na Rolling Stone gringa. Se faltar inspiração (ou se surpreender) no ataque dos Estados Unidos, você já sabe que a culpa é do marido da Beyoncé.

8 de jun. de 2014

Vem, Paul!

- Interpol anuncia novo disco, "El Pintor", para 8 de setembro, com direito a bastidores de estúdio

- Não vai ter música: Os Beastie Boys não vão fazer música nova, honrando promessa feita a Adam Yauch antes de sua morte

- Vai ter música: Michael Stipe entrega primeira composição depois do fim do R.E.M

- Morrissey recita mais uma música nova do disco que está para sair do forno: "Earth is the Loneliest Planet"

- Weezer revela prévia de duas músicas novas: "Ain't Got Nobody" e "The Waste Land"

- Dá pra ouvir um pedacinho de uma misteriosa nova música do Foo Fighters no teaser do documentário "Foo Fighters: Sonic Highways", sobre estúdios dos Estados Unidos

- "48:13", novo disco do Kasabian, e "Lazaretto", novo do Jack White, disponíveis para ouvir em Streaming

- Nirvana no Hall da Fama do Rock, a cerimônia

6 de jun. de 2014

Esta foto tem a única finalidade de embelezar este post. Sei que o Beckham já se aposentou.

Ingleses, este povo que inventou o futebol mas só ganhou um título mundial até hoje (e nenhuma Eurocopa), são muito mais campeões quando se trata de música pop. Às vésperas da Copa, tem gente boa por lá juntando a invenção nacional com o talento artístico para fazer músicas que empurrem a sempre desacreditada (por eles) seleção inglesa rumo a um bicampeonato mundial que vem sendo adiado há quase meio século.

Mark E Smith, para sempre o senhor The Fall, lançou hoje "England's Heartbeat", bem menos sujinha que seu pós-punk e bem mais down do que se espera de uma música que pretende embalar um time na Copa do Mundo. A letra segue esse clima e clama em tom de ressentimento a glória inglesa dentro da história do futebol: "When will the inventors of the game get justice?".




Lily Allen, num esquema "de repente, não mais que de repente", chegou no Twitter e apresentou para todo mundo "Bass Like Home" como sua música tema para a campanha inglesa, com uma ode patriótica-espirituosa a alguns dos grandes ingleses da história. "Who gave you Shakespeare, who gave you Lennon, who gave you Gazza, twistin your melon. God save the Queen with a pint of lager", ela canta.



Correndo por fora, o Kaiser Chiefs oferta "Coming Home", faixa do novo "Education, Education, Education & War". Ricky Wilson, que revelou que a banda rejeitou convite para criar o tema oficial da Inglaterra na Copa de 2006, encara a nova música como um hino não oficial da seleção de seu país e disse que espera que a mesma seja tocada quando "a Inglaterra estiver voltando pra casa com o título". O Kaiser Chiefs vai ter tempo para conquistar os ouvidos da seleção inglesa, já que faz um pocket show para os jogadores no jantar que antecede a viagem do time para o Brasil.

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