3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

28 de jun. de 2012

O British Music Experience (BME) não está nos guias de viagem de Londres. Uma pena. Este museu moderninho e interativo - daí o uso do termo "experience" no lugar do museu - sobre a música pop britânica é um dos lugares mais divertidos para se visitar em Londres quando se é melômano. Tão obrigatório quanto aquela passadinha em Abbey Road para fazer a clássica foto atravessando a rua.

Localizado na O2, complexo cultural que reúne em um só espaço a O2 Arena, restaurantes e cinemas, o espaço dedicado ao BME até que é pequeno se comparado à grandiosidade do complexo, mas há bastante informação condensada no museu (a propósito, foi pesquisando a programação de shows da O2 Arena no período em que estaria em Londres que felizmente descobri o museu).

O BME combina um extensa memorabília de artistas britânicos desde os anos 1950 aos dias atuais com estações interativas nas quais, com o toque das mãos, é possível conhecer os fatos mais importantes da música ligados aos nomes locais, muitos deles com contexto histórico. Há também estações mais didáticas, como as que tratam da influência musical mútua entre norte-americanos e britânicos e as que explicam determinados gêneros musicais e seus subgêneros por meio de conceitos e exemplos práticos. Neste último caso, para ativar as explicações, você toca em discos de vinis posicionados em uma mesa.

Dos tempos de Cliff Richard, o Elvis britânico
Para completar a diversão na poplândia britânica, há uma salinha em que você escolhe um ritmo e reproduz os passos de dança ensinados por uma professora em uma tela. Toda a sua performance é gravada por uma câmara. Outra sala reproduz um mini-estúdio com guitarras, baterias e, mais uma vez, vídeos gravados com instruções de professores. Sua performance como instrumentista também é registrada.

A jaqueta do Brett Anderson e a guitarra do Noel
O mais legal de tudo é que você sai de lá com toda a sua experiência registrada. Junto com seu ingresso, você recebe um cartão com um código numérico. Ao longo da visita, você é instruído a tocar o cartão em sensores localizados em todas as estações. Saindo de lá, você entra no site do BME e cadastra o código. Voilá! Todas as informações às quais você teve acesso (além do seu vergonhoso vídeo dançando e da sua vã tentativa de ser um instrumentista) estão armazenadas na sua conta pessoal no site em áudio, foto e texto e podem ser acessadas a qualquer momento, além de compartilhadas no Twitter e no Facebook. Se houver uma segunda visita, o novo cartão pode ser cadastrado, e as informações deste serão agregadas às do primeiro.

Recomendo demais a visita para quem curte música pop - um assunto que os britânicos levam muito a sério e sabem muito bem como tratar. Vá lá: http://www.britishmusicexperience.com/

E no Brasil? Por que não?
A propósito, uma pergunta que não sai da minha cabeça desde que descobri o MBE: porque o Brasil ainda não tem algo nessa linha? Nossa música é uma das mais conhecidas no mundo, tem um alto grau de diversidade e é um dos elementos fundamentais na formação da "identidade" nacional. Temos uma história fantástica para contar, histórias, no plural, diga-se de passagem, dado que ainda há muitos pontos e casos mal resolvidos que ainda precisam ser melhor compreendidos e aceitos como parte de um universo ainda limitado que se convencionou chamar de música brasileira. Poderíamos ter um museu dez vezes maior que o dos britânicos. E usar o espaço para entender melhor um dos nosso principais produtos de exportação para o mundo desde os tempos de Carmen Miranda. Fica a dica.  


27 de jun. de 2012

Vinil pra mais de metro

Londres é uma cidade de muitos museus. De todos os tipos. Considerando a acepção do termo no senso comum, qual seja, museu como local em que são reunidos objetos antigos com valor artístico e histórico (sei que hoje um museu pode ir muito além desse conceito), a HMV poderia entrar na lista de "museus" da capital inglesa. Em tempos de perrengue na venda de discos - inclusive na própria Inglaterra, é surpreendente o cenário avistado quando se entra na loja. 

Assim como nos tempos áureos das lojas de discos, há fileiras e fileiras de CDs E de vinis organizadas por gêneros musicais. Na loja da Oxford Street, a parte dedicada aos discos ocupa aproximadamente uns três quartos do primeiro dos dois pisos. Veja bem, a música é o que recepciona os clientes. O espaço é dividido com merchandising oficial de bandas, games e livros. A maior surpresa, porém, é ver, em plena quarta-feira, por volta das 19h, uma fila imensa, de dar voltas, tão grande quanto aquelas das Lojas Americanas em época de Páscoa ou Natal. Constatar que TANTA GENTE ainda compra disco foi quase um choque pra quem descartou esse hábito há quinze anos. É claro que não desconhecia a sobrevivência desse hábito ancestral, mas não imaginava que ele ainda poderia ser praticado em grandes coletivos.

À distância, aqui do outro lado do oceano, já era notável pra mim a relação de amor dos ingleses com a música pop. Na minha passagem pela HMV, senti que são amantes à moda antiga.

Fila pra pagar disco!

26 de jun. de 2012

O blog ficou bem abandonado nas últimas duas semanas porque estava em viagem de férias para Londres. Para compensar a falta de atualizações, começo amanhã uma pequena série de posts com observações trazidas na mala direto da terra que em breve vai abrigar as olimpíadas. Aguardem.

25 de jun. de 2012

No show que encerrou o festival Natura Musical, ontem (24), em BH, Gilberto Gil protagonizou o primeiro uso de holograma em show no Brasil. O baiano, que sempre se mostrou aberto a novidades tecnológicas relacionadas à produção e distribuição da música, contracenou com um holograma de si mesmo, bem mais jovem, durante a apresentação.

Contrariamente ao alarde que feito pela imprensa com o uso do mesmo recurso, em abril, no Coachella, quando Snoop Dogg cantou com um holograma de Tupac - precipitando, a partir daí, uma enxurrada de propostas de ressuscitação de astros da música, desta vez a repercussão praticamente não existiu. Ficou só no Facebook, graças à pagina do festival, e um pouco menos ao Twitter, via Emicida, atração do festival que deu a notícia em seu perfil. Por quê? Se o show tivesse sido em SP ou no Rio teria sido diferente?

11 de jun. de 2012

Depois da moda do teaser de trinta segundos de um novo single, parece que a febre agora nos lançamentos da música são os trailers de disco. Na mesma semana, Killers e Muse deram amostras (vai saber se concretas ou conceituais, só mesmo ouvindo o material novo pra ter certeza) de seus próximos álbuns, "Battle Born" e "The 2nd Law", respectivamente. Em tempos de baixas vendas, downloads gratuitos e profusão de novidades musicais, tudo isso graças à internet, não deixa de ser uma manobra comercial notável por parte da indústria fonográfica: cria expectativa no público e, ao menos, se antecipa a possíveis "vazamentos" (sempre rola aquela dúvida se vazou mesmo ou se foi intencional) de modo a centralizar em um primeiro momento o monopólio do lançamento. Pra quem é fã, é, no mínimo, um aperitivo que cai bem.



4 de jun. de 2012



Quatro anos atrás o artista norte-americano Shepard Fairey usava o que se transformaria no seu mais conhecido trabalho até hoje para traduzir o sentimento de uma vasta parcela da população de seu país. Um cartaz que trazia uma foto de Obama em serigrafia com a palavra "HOPE" escrita logo abaixo sintetizava as expectativas que os eleitores tinham em relação ao então candidato democrata e se tornaria no ícone da campanha vencedora de Obama.

Hoje, a esperança ainda sente os efeitos do banho de água fria que levou da crise econômica que eclodiria ainda em 2008 e Obama já não é mais o messias que parecia ser. Mesmo assim, questões da "América" continuam pautando as criações de Fairey. Ele acaba de produzir onze telas, uma para cada faixa do novo disco de Neil Young, "Americana", conjunto de versões para clássicos da música folk dos Estados Unidos. Muitas das imagens têm uma estética combativa e revolucionária para casar com os versos que tratam da alma Americana.

Pouquíssimas dessas onze imagens caíram na internet (uma delas é a feita para a faica "This Land Is My Land", acima), mas é possível ver todas elas, de uma maneira belíssima, em um filme de 40 minutos que Neil Young fez para acompanhar o primeiro disco em nove anos com a Crazy Horse. O filme, que imita o cinema mudo, conta a história de um escritor que vai em uma galeria de arte à procura de imagens para ilustrar seu livro. Progressivamente, ele vai encontrando as imagens feitas pelo próprio Fairey. A trilha sonora é o próprio disco, cujas faixas surgem no momento em que são mostradas as telas correspondentes - algumas com belos closes que evidenciam detalhes e texturas. Filmes da era do cinema mudo completam a edição do vídeo.

"Americana" tem lançamento oficial amanhã (5). O vídeo pode ser visto no site de Neil Young.
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