3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

17 de dez. de 2010

2010 já ia quase acabando sem que um artista ou banda novos me provocassem aquela vontade de ouvir um disco seguidas vezes. Até que, aos 45' do segundo tempo, me aparece o Marcelo Jeneci com seu "Feito pra Acabar".

Do pop descolado às referências sonoras da Jovem Guarda que desaguam no romântico/brega, o disco é um mistura de estilos, o que talvez reflita a trajetória musical do paulista. Jeneci começou a carreira de músico na banda de apoio de Chico César e compôs músicas que ganharam vozes diferentes e circularam por vias populares - caso de "Amado", gravada por Vanessa da Mata e trilha de A Favorita, novela das oito da Globo, e "Longe", gravada por Arnaldo Antunes e trilha de Paraíso, novela exibida no horário das seis.

A despeito da diversidade, o denominador comum das músicas é a sensibilidade das composições de Jeneci, muitas delas com temática amorosa, mas que não caem no lugar-comum do, talvez, assunto mais explorado pela música popular. Destaque também para os vocais de Laura Lavieri, que complementam - e não somente apoiam - a voz de Jeneci.

15 de dez. de 2010

De vez em quando a gente descobre umas coisas legais, meio que sem querer. Vejam só: em 1973, o francês Romuald Figuier canta "Laisse-moi le temps" no Festival de Viña del Mar, no Chile.



No mesmo ano, Paul Anka compra os direitos da música, faz uma versão em inglês batizada de "Let me Try Again", que é gravada por Sinatra.



Em 1992, o Skank regrava a versão em inglês em seu primeiro disco, o independente também chamado "Skank".*



*Se alguém tiver notícia de um link para o clipe que o Skank fez para "Let me Try Again", favor avisar. Revirei o YouTube e o Vimeo, mas não encontrei nada. Para quem não se lembra, o clipe é em preto e branco, e traz a banda tocando em um pequeno palco, com seu tradicional "traje anos 90": bermudas e tênis pretos e meias brancas.

10 de dez. de 2010


As celebrações atravessaram o ano, mas é exatamente amanhã (11) que se completa o centenário de Noel Rosa. Para comemorar, resgato uma matéria feita lááááá no Carnaval que liga os pontos entre Noel e Minas.

Feitiço mineiro no samba de Noel
Morador de Vila Isabel, parceiro de sambistas dos morros, frequentador dos cabarés da Lapa... Noel Rosa, considerado um dos maiores compositores da música brasileira e um dos responsáveis pela modernização do samba, foi o que se chamaria hoje de "carioca da gema".
Mas, quem diria, parte de suas raízes eram mineiras. As avós e os pais do compositor nasceram em Leopoldina, na Zona da Mata. O avô materno também é de Minas, ainda que não se saiba a cidade exata em que nasceu. "Ele tinha muito sangue mineiro", revela o pesquisador Carlos Didier, co-autor de "Noel Rosa - Uma Biografia".
Muito mais que o sangue, Noel herdou da parte mineira da família o talento, segundo Didier. "A musicalidade de Noel vem de Minas, de sua avó materna Rita de Cássia, pianista e mãe de Carmem, tia de Noel, que era dona de ouvido absoluto", afirma.
O destino cuidou que Noel nascesse carioca, quando o avô paterno decidiu levar parte da família para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, mas também promoveu o reencontro do sambista com suas origens mineiras no fim de sua vida.
Em 1935, depois de ser diagnosticado com tuberculose, Noel passou uma temporada em Belo Horizonte, considerada à época um dos melhores locais para a reabilitação dos portadores da doença, por causa de seu ar puro.
Durante quatro meses, ele se hospedou na casa dos tios Carmem e Mário, na rua São Manoel, na Floresta.
Longe do Rio, Noel tratou de reproduzir por aqui a vida que levava em Vila Isabel. "Ele participou de programas da rádio Mineira, que ficava na esquina da rua da Bahia com a avenida Augusto de Lima", conta o professor da UFMG Fábio Martins, que coordenou a produção de um vídeo sobre a passagem do compositor pela cidade.
Foi na extinta emissora que Noel cultivou no breve período que esteve por aqui um círculo de amigos com quem pôde manter seus hábitos boêmios. Um deles foi o diretor da rádio, José Vaz, já falecido.
Colega do radialista, o compositor Gervásio Horta recorda os relatos do companheiro sobre a estada de Noel na cidade. "Ele dizia que Noel não se tratava coisa nenhuma. Ficava bebendo, na boemia".
O diretor artístico da emissora, Roberto Ceschiatti, também já falecido, foi outro parceiro das noitadas de Noel. "Eles gostavam de tocar violão até tarde da noite no viaduto Santa Tereza", conta Andréa Ceschiati, filha de Roberto.
Compositor fértil - foram mais de 200 composições nos seus 26 anos de vida -, Noel escreveu algumas de suas canções aqui: "Cansei de Pedir", "Uatchf", marchinha inscrita em um concurso promovido na cidade que alcançou o quinto lugar, e "Yolanda", que nasceu de uma serenata dedicada à pretendente de um amigo que o compositor participou, em frente à igreja da Boa Viagem.
Ele também improvisou uma homenagem à cidade, parodiando a letra de "Looking Over a Four Leaf Clover": "Belo Horizonte, deixe que eu conte, bom mesmo é estar aqui". Bondade de Noel. Segundo relata a biografia do músico, em uma conversa com o tio aqui na cidade, ele disse que preferia viver um ano no Rio a dez anos na capital mineira.
O biógrafo Didier garante que a confissão não tem "nada a ver com qualquer bronca em relação a BH", mas é compreensível. A despeito do sangue mineiro, a alma de Noel era mesmo carioca.
Belo Horizonte
Noel Rosa, 1935

Deixa que eu conte
O que há de melhor pra mim
Não é o bordão
deste meu violão
Nem é a prima que eu firo assim
Não é a cachaça
Nem a fumaça
Que no meu
cigarro vi
Belo Horizonte
Deixa que eu conte
Bom mesmo é estar aqui...
Leia mais aqui.

Mais Noel
Em sua sexta edição, o Prêmio Bravo! Bradesco Prime de Cultura homenageou Noel Rosa durante a cerimônia e na categoria recém-criada, de Arte Digital. Videomakers que quisessem concorrrer ao prêmio desta categoria tiveram que criar vídeos cujo tema era o sambista. O vencendor foi o mineiro Leandro Araújo, abaixo. Os outros vídeos estão aqui.

8 de dez. de 2010



John, Mark Chapman, cinco tiros. Não é a melhor das efemérides para se lembrar, mas a data redonda - 30 anos - impõe a lembrança. A proximidade com a data da morte do George (último dia 29), só atrai ainda mais esse tipo de recordação.

O contrapeso dessa história toda é que com o coração ainda batendo sob efeito do show do Paul, essas lembranças competem com a sensação (talvez ilusória e momentânea, mas intensa o bastante para não se ignorar) de que o sonho ainda não acabou - mesmo que a contragosto do John.

Por isso, escolho como trilha sonora deste dia "All Those Years Ago", que desde a primeira escuta provoca em mim o sentimento de que "todos aqueles anos", de alguma forma, não morreram junto com o passado.

7 de dez. de 2010

No livro Tropicália - Uma Revolução na Cultura, catálogo da exposição de mesmo nome, Hermano Vianna, em um dos vários artigos que compõem a publicação, diz que o movimento tropicalista deu um nó dificílimo de ser desatado na cultura brasileira. O recém-lançado livro "Tropicália ou Panis et Circensis", da pesquisadora Ana de Oliveira, parece sustentar essa observação.

Partindo do disco homônimo, lançado em 1968, e que reuniu Caetano, Gil, Tom Zé, Mutantes e cia., pensadores e artistas plásticos refletem sobre e reinterpretam cada uma das 12 faixas do disco, indicando que ainda há muito o que entender daquele movimento.

No hotsite do livro, é possível ler trechos dos textos escritos para cada uma das músicas e baixar as imagens criadas a partir de cada uma delas, como a que foi feita para "Geléia Geral" (ao lado).

Mais tropicalismo
Vale uma visita o site tropicalia.com.br, uma espécie de acervo sobre o movimento, mantido há cerca de dez anos pela prória Ana, organizadora do livro.

6 de dez. de 2010

Em julho, escrevi aqui sobre como um dos principais termômetros da música pop, a parada de sucessos, notadamente a da Billboard, um das mais tradicionais, precisava se renovar para acompanhar as mudanças no modo como se consome e se ouve música nesses tempos virtuais - clicks e views com mais peso que execuções em rádios e vendas de discos.

Na última semana, a Billboard deu o grande sinal de que está, sim atenta a isso e lançou a Social 50, parada de sucessos baseada na repercussão de bandas e cantores em sites de música e redes sociais. Para fazer o ranking, são contabilizados os números de fãs, a quantidade de pageviews e de músicas reproduzidas em páginas como o YouTube, MySpace, Twitter e Facebook.

A liderança da primeira semana ficou com Rihanna, seguida de Justin Bieber. Eminen, Lady Gaga e Nicki Minaj completam o top 5. Michael Jackson (12º), Bob Marley (24º) e Beatles (41º) também marcam presença, honrando o movimento old school.

Veja aqui a Social 50.

2 de dez. de 2010

O samba não é só ritmo nem dança, é também personagem e tema de si mesmo, afinal, quantos sambas não falam sobre o próprio samba? Nessa brincadeira de metalinguagem - que, acho, só teve paralelo com algumas composições nas primeiras décadas de rock, quando Chuck Berry, por exemplo, quando cantava sobre uma tal de "rock 'n' roll music" - o que mais gosto é quando, mais que tema, o samba é personificado nas músicas e ganha feições humanas, sentimentos e poder de ação, talvez para lembrar o quanto ele se assemelha a nós.

"Samba, negro forte destemido
Foi duramente perseguido
Nas esquinas, no botequim, no terreiro"




"O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor"



"Eu sou o rei do terreiro
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros"

1 de dez. de 2010

Pelo visto, John Legend e The Roots querem todos em alerta. Juntos, lançaram um disco com regravações de grandes nomes do soul, originalmente feitas nos anos 60 em meio às lutas dos negros pelos direitos civis nos EUA, com toda a carga política do momento. Batizaram o disco de "Wake Up", e escolheram a faixa "Wake Up Everybody" como primeiro single.

A julgar não só pelo repertório, mas também pelo clipe da música de trabalho, o desejo é de não perder a herança engajada das canções (a propósito, "Wake Up Everybody" já havia sido regravada por aritstas do hip hop e do R&B, em 2008, em apoio a Obama durante a camapanha presidencial).



Ouça todo o disco "Wake Up" aqui.

Aproveitando o encontro, cantor e banda também regravaram uma música do Arcade Fire. Qual? "Wake Up". Não sai muito da linha do que os canadenses fizeram, mas guarda uma boa surpresa para o final.

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