3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

26 de nov. de 2010



Em breve, a íntegra deste encontro de Simonal com Sarah Vaughan, exibido pela TV Tupi em 1970, estará disponível para o público. Em entrevista que fiz com Simoninha para o Pampulha, em função da vinda do Baile do Simonal para BH, o músico disse que um DVD com o dueto deve ser lançado no ano que vem, depois do carnaval. "A gravadora quer fazer um lançamento mundial, até porque tem pouco material de imagem da Sarah", afirmou.

A repercussão da obra do pai no exterior também motiva o lançamento mundial. "Já em 2003, 2004, com a força da música eletrônica, os DJs vinham pra cá, compravam discos dele e voltavam pra lá, 'Nem Vem que Não Tem' virou trilha de uma campanha internacional da Nike. Eu estive há dois meses nos Estados Unidos e tinha jornalistas querendo conversar sobre o Simonal", conta Simoninha.

Segundo ele, o Baile do Simonal também tem propostas de apresentação nos Estados Unidos e na Europa. Por enquanto, o show acontece aqui mesmo em BH, hoje (26).

Baile do Simonal
Lapa Multishow (r. Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia, 3241-2074). Às 22h. R$ 80 (inteira)

24 de nov. de 2010

VMB, Prêmio Multishow e afins ganharam um priminho no Brasil: o Prêmio Música Digital, cuja primeira cerimônia ocorreu ontem. A ideia é dar a conhecer quem são os artistas recordistas de downloads legais no país (leia-se pagos), mas acho que, lá no fundo, gravadoras e empresas de telefonia, que encabeçam o prêmio, querem mesmo é badalar essa forma de comércio que ainda representa 12% das receitas da combalida indústria fonográfica no país, que deixou de arrecadar quase meio bilhão de reais de 2002 a 2009.

Observando os números e a lista de vencedores, o que concluo é que o mercado vai ter que ralar muito para conseguir tornar esse prêmio relevante e rentável. As vendas digitais equivalem, hoje, no país, a quase metade das vendas físicas (9 milhões de downloads pagos contra 20 milhões de CDs vendidos em 2009). Parece bastante representativo, mas um olhar mais atento para a lista dos vencedores quebra essa ilusão. Note que a premiação é para a música mais vendida em determinada categoria. Em outros termos, quando falamos de compra de música digital, falamos de um perfil diferente de consumo, fragmentado, em que se compra a unidade (faixa) e não o conjunto (álbum), e isso é muito pouco rentável para a indústria. Enquanto as vendas de CDs renderam R$215 milhões no ano passado, os downloads pagos renderam R$42, praticamente cinco vezes menos.

Ah, claro, além disso tudo, ainda tem a concorrência de torrents, Pirate Bay e rádios online (UOL, Sonora) que, com ou sem a permissão dos artistas e das gravadoras, colocam tudo "free" na rede.

Pois é...


Abaixo, a lista dos "vencedores":

Premiação por vendas:

Música mais vendida no Brasil: "Halo" - Beyonce

Música mais vendida internacional: "Halo" - Beyonce

Música mais vendida MPB: "Shimbalaiê" - Maria Gadú

Música mais vendida pop: "Borboletas" - Victor & Leo

Música mais vendida regional: "Chora, me liga (ao vivo)" - João Bosco e Vinícius

Música mais vendida religiosa: "Faz um milagre em mim" - Régis Danese

Música mais vendida rock: "Me adora" - Pitty

Música mais vendida samba e pagode: "Valeu" - Exaltasamba

Música mais vendida sertanejo: "Meteoro" - Luan Santana

Música mais vendida urbana: "Desabafo / deixa eu dizer" - Marcelo D2


Premiação por voto popular:

Música do ano: "Meteoro" - Luan Santana

Artista do ano: Móveis Coloniais de Acaju

Artista revelação do ano: Restart


Premiação por reconhecimento digital:

Marca mais engajada digitalmente: Terra Sonora

Artista mais engajado digitalmente: Skank

23 de nov. de 2010



"Sao Paulo.. I'll never forget your beautiful smiles and tears.. and 60,000 white balloons!" Foi o que Brian Ray, que se alterna entre o baixo e a guitarra na banda que acompanha Paul, disse a respeito desse momento lindo do show de domingo no Morumbi. (digo lindo sem exagerar porque, mesmo já sabendo que essa homenagem vinha sendo planejada na internet, ela não deixou de me impactar emocionalmente. Oh, wait! O que não me emocionaria naquele show?).

Acho que Brian errou propositalmente na conta dos balões para ser gentil, mas não deixa de ser grata surpresa descobrir que ele retribuiu de alguma forma esse momento "show do público", e também que ele é um tuiteiro assíduo. Não só sua satisfação com os balões brancos, mas muitos dos rastros de sua passagem pelo Brasil ficaram registrados em sua conta no Twitter, onde responde por @brianrayguitar.

Nos dias que esteve por aqui, trocou muitos tweets com fãs brasileiros, divulgou seu disco solo e o clipe com o baterista e figuraça da banda de Paul, Abe Laboriel Jr, com direito a pedidos de tradução das mensagens para o português, prontamente atendidos pelos seguidores brazucas.

Brian também pediu sugestões de baladas para os paulistas e, como todo bom gringo, acabou indo parar em um ensaio de escola de samba, devidamente registrado.

Pelo visto, todo mundo se divertiu com essa história de Up and Coming Tour no Brasil.

PS: Este é o último post com a temática "show do Paul". Este blog, no entanto, jamais deixará de falar de Beatles.

22 de nov. de 2010

Nunca um músico no palco havia me feito derrubar uma lágrima.

Quando percebi que o senhorzinho de terno azul que caminhava da lateral esquerda em direção ao centro do palco era Paul, paralisei. Nos poucos segundos que levou para chegar ao microfone, a única coisa que fez foi acenar para o público. Quanto a mim, me desestabilizei, gritei, levei as mãos à cabeça e, claro, tirei os óculos para não embaçar as lentes com lágrimas.

O choro que não queria parar ao longo de "Venus and Mars", "Rock Show", "Jet" e "All My Loving" foi logo dando lugar a um sorriso abestalhado, desses de gente apaixonada ou de bebê, que se tornou permanente no meu rosto. Estivesse Paul tocando a emotiva "Hey Jude", a sensual "Let me Roll It" ou o pré-heavy metal "Helter Skelter", lá estava eu sorrindo e suspirando, amparada por uma sensação que nem o Aurélio, tampouco o Houaiss, são capazes de definir e que eu mesma ainda preciso de tempo para assimilar.

Nunca um músico no palco havia me feito sorrir tão compulsivamente.

Paul, especialista em colecionar pioneirismos ao lado dos outros três fab (primeira banda a fazer show em estádios, primeira banda a fazer um disco conceitual, primeira banda a gravar video clipes, primeira banda a gravar em quatro canais, primeira banda de rock a lançar disco sem identificação do grupo na capa, etc, etc, etc ad eternum), sem saber, saiu de ontem do Morumbi com mais dois itens na lista.

19 de nov. de 2010


Há alguns meses, escrevi aqui sobre a eterna privação que os fãs de Beatles vão sofrer da emoção singular de se ter uma experiência ao vivo com a banda. Algum tempo depois, postei uma reportagem que fiz, na qual fãs da banda tentavam imaginar como estariam hoje os fab four se o destino não os tivesse separado e levado John e George.

Escrevendo por linhas tortas, Deus fez com que estas duas situações, de alguma forma, se cruzassem neste fim de ano, e ainda me colocou no meio disso tudo. Paul vem tocar no Brasil e eu vou. Não são os Beatles - é só um deles, mas vou ter o prazer de ouvir ao vivo algumas das grandes composições da banda executadas pelo cara que concebeu o Sgt. Pepper's, o que já é demais para uma pessoa só.

Por conta disso, minha emoção e minha razão estão entregues a este show. Emoção porque sou fã há anos da banda, o que no meu caso está longe de ser um clichê. Os Beatles foram uma das pouquíssimas bandas que sobreviveram às bruscas oscilações do meu gosto musical que, esquizofrênico, eclético, ecumênico ou seja lá o que for, vem passeando por alguns extremos da música desde a pré-adolescência. Se você visse os meus arquivos de MP3 que mantenho há pelo menos dez anos, veria que, para o sujeito se manter firme nessa montanha-russa musical, só mesmo conseguindo enraizar um sentimento profundo de admiração em mim - e os Beatles conseguiram.

Razão porque, acima de tudo, tenho um interesse imenso por música popular, na sua dimensão histórica e social, logo, estar presente em uma apresentação do Paul é também ter uma experiência direta com um cara que, ao lado de outros três, criou padrões e referências para muito do que é feito no mundo da música ainda hoje. É manter um diálogo com parte viva dessa história.

É sob essa dupla condição, que me deixa emocionada e ao mesmo tempo instigada, que vou ver um Beatle no domingo. Quando voltar, conto como foi.

18 de nov. de 2010


Domingo (21) é dia de Paul McCartney em São Paulo, mas também é dia de Phoenix em BH, às 20h, no Chevrolet Hall. Vale lembrar, é em uma posição muito diferente que o Phoenix faz sua segunda passagem pelo Brasil. Quando veio ao país em 2007 para o festival de tendências Nokia Trends, em São Paulo, a banda era "o grupo do marido de Sophia Coppola" (o vocalista Thomas Mars é casado com a cineasta), referência que só não servia para os "iniciados" na cena alternativa. Três anos depois, o show da banda é anunciado no horário nobre da TV, as FMs tocam suas músicas e fãs disputam ingressos em sorteios na internet. Para quem é fã da banda francesa, segue uma pequena entrevista que fiz com o baixista, Deck D'Arcy, na semana passada, por telefone.

Vocês estão no seu quinto álbum, fazendo turnês pelo mundo e tocando em grandes festivais, como o Coachella. Qual a razão para este sucesso mais abrangente somente agora?
Não fazemos a menor ideia e também não queremos tentar explicar as razões desse sucesso. Fizemos este álbum da mesma maneira que fizemos os anteriores, da maneira que queríamos e, quando terminamos, sentimos que tínhamos feito um bom disco. Não estamos tão entusiasmados, estamos mais ou menos assim: “ok, legal, mas não importa”. Aconteceu de ser o nosso disco mais bem sucedido e acho que desta vez também estivemos mais próximos dos fãs, mas não nos importamos com as razões disso.

Muitas rádios aqui em Belo Horizonte começaram a tocar com frequência “Everything is Everything”, que é uma música do disco que vocês lançaram em 2004. O que acha disso?
Legal! Tentamos fazer músicas que não carreguem a marca do tempo, então é uma honra saber disso.

O que estão preparando para o setlist aqui no Brasil?

Nós tocamos muitas das músicas novas porque elas foram pensadas para serem tocadas ao vivo mais do que as dos outros discos, mas sempre brigamos para decidir o set, então não posso te dizer agora como vai ser o repertório. É sempre diferente, cada show é um set diferente.

Música de graça na internet é uma questão que ainda divide os músicos, e recentemente vocês disponibilizaram na íntegra o último álbum da banda na internet para que os fãs fizessem remixes das faixas que eles quisessem. Como a banda lida com esses dilemas da internet?
Fomos muito mais generosos com este disco e os fãs estão nos dando o retorno, isso é muito bom. Nós liberamos uma música de graça na internet, “1901”. Fizemos isso sem nenhuma contrapartida, só mesmo para que as pessoas ouvissem e conhecessem a música e, surpreendentemente, virou uma coisa grande na internet. Percebemos então que era bom sermos generosos e liberamos todas as faixas do disco, mas não temos mais nenhuma estratégia a esse respeito. Só sentimos que, quando você curte uma banda, você gostaria de ter as músicas dela, então fizemos isso com bastante generosidade. Sentimos bem em estarmos nessa posição.

“Lisztomania” faz referência à histeria dos fãs de Franz Liszt, o pianista polonês, e é também o nome de um dos singles mais bem sucedidos do Phoenix este ano e que recebeu homenagens de fãs na internet, que fizeram vídeos mesclando imagens de suas cidades com a música. Não é um pouco curioso isso?
É ótimo, nós adoramos. Nós fizemos contato com a menina que fez o primeiro vídeo. Ela tem 15 anos e é americana. Nós a conhecemos no show que fizemos em Boston, onde ela mora. É um ótimo vídeo.

Vocês viram um vídeo semelhante que fãs do Rio de Janeiro fizeram?

Não, não vi, mas vou procurar. O que eu tenho que digitar no YouTube para encontrar esse vídeo?

“Mash up”, “Lisztomania” e “Rio de Janeiro”. Você encontrar com facilidade.
Ok, vou procurar assim que terminarmos a entrevista.

O Phoenix ganhou o Grammy de Melhor Disco Alternativo este ano. Você acha que isso provocou alguma mudança na banda?
(Pensa um pouco) Espero que não.

Por que não?
Espero que não tenha mudado nada. É um pouco difícil falar disso porque ainda é muito recente, ainda nem compusemos músicas novas. Estamos muito felizes de ter ganho esse Grammy, mas tentamos não pensar muito nisso. Nós nem guardamos as estatuetas em casa, nós demos para os nossos pais. É muito bom ter esse prêmio, mas parece que você chegou a um certo nível de genialidade e nós não queremos ser gênios. Só queremos continuar fazendo música do mesmo jeito que fazíamos antes.

Como foi a última vez de vocês aqui no Brasil?
Foi frustrante da última vez que estivemos aí porque fomos para São Paulo e só ficamos um dia, não vimos nada. Só fizemos o show e fomos embora. Desta vez, vamos ficar um pouco mais. Mas o show foi legal, o público era realmente bom e estamos felizes de voltar. Queríamos tocar na América do Sul, e especialmente no Brasil, há um bom tempo.

Você acha que desta vez vão tocar numa condição diferente?
Eu espero. É sempre diferente e espero que realmente seja, no bom sentido.

17 de nov. de 2010

Conforme vocês viram por aqui, numa atitude de gente muito à toa, identifiquei nos setlists de todos os shows da atual turnê do Paul quais as músicas que menos apareceram no repertório. Levando esta "atoice" ao extremo, também verifiquei quais as músicas que eu AMO e que não foram incluídas em NENHUM show da Up and Coming Tour.

Eu sei, não é justo reclamar de um repertório tão generoso com fãs de Beatles como o desta turnê, que inclui muitos dos grandes - e melhores - sucessos da banda (Let It Be, Yesterday, Sgt. Peppers, Something, A Day in the Life), mas sempre temos nossas preferências particulares e um setlist nunca é bom o suficiente para atendê-las. Eis as excluídas que gostaria que Paul tocasse no Brasil:

5)I'm Down
A fase iê-iê-iê foi praticamente limada do repertório desta turnê (salvaram-se "Yesterday" e "And I Love Her"), porém, se, de última hora, ela ganhasse mais espaço no set, acho que teria que ser com "I'm Down". Queria ter meu momento Shea Stadium. Além disso, a-d-o-r-o quando o Paul canta gritando.



4)Maybe I'm Amazed
Das baladas românticas da fase solo, acho a mais bonita, a declaração de amor mais rasgada pela Linda. Além disso, a-d-o-r-o quando o Paul canta gritando. (2)



3)Real Love
Eu sei que pensar nesta música dentro do repertório é puro delírio. Resgatada para fazer parte do Anthology, é uma composição muito particular do John e provavelmente Paul tem identificação zero com ela. Mas a única possibilidade de ouvi-la ao vivo, tocada por um Beatle, acredito eu, seria em um show do Paul. E ela é tão linda... Ok. Parei de sonhar.



2)I Me Mine
A composição é do George, mas, se Paul toca "Something" em homenagem a George em praticamente todos os shows, por que não esta também (pelo menos no meu mundo ideal)?




1)Oh Darling

Reza a lenda que Paul escreveu esta música para John no auge dos desentendimentos entre os dois. Não duvido nada, a julgar pela sinceridade da interpretação dele - o que mais me faz admirar esta música. E eu a-d-o-r-o quando o Paul canta gritando. Já disse isso, né? Tem sido a minha música preferida dos Beatles nos últimos meses. Se tocar no show, me descabelo.

9 de nov. de 2010

Há alguns dias, o site oficial da turnê do Paul pelo Brasil vem revelando, pouco a pouco, a lista das músicas mais tocadas na Up and Coming Tour. Por um impulso típico de gente muito à toa, resolvi fazer o caminho inverso: a partir dos 26 shows da turnê, feitos de março até o último domingo (7), em Porto Alegre, listei as músicas que menos integraram os setlists.

Mull of Kintyre
- Single de 1977, da época do Wings, só apareceu três vezes, uma delas na Escócia, país que abriga a região homenageada na música.




(I Want to) Come Home
- Paul só tocou duas vezes a música composta para a trilha do filme "Estão Todos Bem", de 2009.



Every Night - A faixa do primeiro disco solo de Paul, "McCartney", de 1970, só entrou uma vez no setlist.



Michelle
- Empatada com "Every Night", está este cláááássico fofíssimo do Rubber Soul. Paul a tocou apenas na apresentação em Montreal, provavelmente para agradar o público, cuja língua é o francês.

5 de nov. de 2010


Boa sacada a do cara que fez essa montagem (há outras aqui). Afinal, passar de composições simplesinhas (I Wana Hold Your Hand) para o universo conceitual de Sgt. Peppers, em aproximadamente cinco anos, é uma das maiores provas de que o ser humano pode evoluir, e muito.

3 de nov. de 2010

Vendo o "Por Toda a Minha Vida" que a Globo transmitiu na semana passada sobre o Adoniran Barbosa, descobri que sua composição mais conhecida, "Trem das Onze", foi regravada por um cantor italiano nos anos 60. Fui atrás do vídeo. Taí.

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