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26 de nov. de 2014

Vem cá que eu vou te explicar a teoria da matemática McCartneyana

Quem viu Paul McCartney em Belo Horizonte no ano passado e não conseguiu repetir a dose no retorno do beatle ao Brasil neste mês pode ficar tranquilo. Com a exceção da ausência do "uai" em seu palavreado e da inclusão de músicas do seu mais recente álbum "New", lançado após o show no Mineirão, não houve quase nada de diferente no show que o músico fez no Allianz Parque, em São Paulo, nessa terça (24).

McCartney é a constante da música pop que permanece inalterada há cinco décadas mesmo com o surgimento de novas fórmulas de sucesso e de se fazer música. Em sua equação que faz de seus shows elementos invariáveis, há precisão que ameaça ser burocrática, mas uma combinação de elementos que indica conhecimento e domínio de gênio sobre a matéria.

A frase "nesta noite vou falar um pouquinho de português" é dita desde 2010 aqui no Brasil logo antes de "All My Loving", sempre a terceira música da noite, e surpreende mais quem a ouve na boca do beatle pela primeira vez (Paul veio ao Brasil em todos os anos desde 2010 e já soma 16 shows no período, em quatro regiões - apenas o norte ainda não recebeu o músico).

Por outro lado, mesmo repetitivas, não perdem o impacto a explosão de emoção na passagem do solo de ukelele para as guitarras em "Something", a sequência quase épica de clássicos em "Live and Let Die"/"Let it Be"/"Hey Jude" ou o dedilhado de violão em "Yesterday".  

As variáveis ficam por conta do que acontece fora do domínio do Sir. Na noite dessa terça, em São Paulo, ficaram a cargo da chuva incessante antes e durante o show, do som mal equalizado em alguns momentos e de uma falha repentina em um dos telões, que ficou totalmente apagado por alguns segundos.

E se Paul é uma constante, assim também o são seus efeitos sobre o público. Turnê após turnê, repetem-se as mesmas cenas: pais, filhos e netos unindo três gerações na plateia, estádios lotados cantando clássicos do século XX em coro, elogios à sua boa forma do alto de seus 72 anos e ao seu carisma.

Difícil distinguir quem reage assim porque acabou de descobrir a fórmula de quem reage dessa forma porque já a conhece e a compreende. Em ambos os casos, o resultado é um só: é uma fórmula ainda incontestável na ciência do pop.

*Originalmente publicado no portal O TEMPO.

4 de nov. de 2014

Chico Buarque lança em 14 de novembro o romance "O Irmão Alemão" (Companhia das Letras), cuja trama é "uma busca pela verdade e os afetos", segundo a misteriosa divulgação feita pela editora - além da sinopse econômica, foi divulgado também um vídeo no qual o autor lê um trecho do livro, o sétimo da carreira de Chico como compositor. Potencialmente um dos lançamentos literários mais badalados de 2014 no Brasil, este não é, porém, o único que envolve músicos atravessando a fronteira da literatura. Estreantes ou razoavelmente veteranos nas letras, outros compositores brasileiros também lançaram livros este ano. Veja:



Tony Bellotto e Bellini e o Labirinto (Companhia das Letras, 280 págs.)
Nono livro do guitarrista dos Titãs e quarto com o protagonista do título, Bellini e o Labirinto traz de volta o detetive particular fã de blues e morador de um apartamento na avenida Paulista. Desta vez, Bellini viajará a Goiânia para negociar com os sequestradores do milionário Brandãozinho, atendendo a pedido de Marlon, parte da famosíssima dupla sertaneja Marlon & Brandão.


Rita Lee e Storynhas (Companhia das Letras, 96 págs.)
Com ilustrações de Laerte, o livro é uma coletânea das micro-narrativas criadas por Rita Lee no Twitter desde 2010, quando a compositora aderiu à rede social. Organizadas para atender ao formato do livro, as histórias ganharam títulos, mas mantiveram a grafia original das mensagens de 140 caracteres, com abreviações, por exemplo.


Vitor Ramil e A Primavera da Pontuação (Cosac Naify, 192 págs.)
O músico gaúcho Vitor Ramil traz referências das manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013 para seu terceiro romance, A Primavera da Pontuação. Com traços de fábula e alegoria, a história transforma sinais ortográficos e regras gramaticais nos personagens da história. Tudo começa quando uma palavra-caminhão carregada de letras garrafais atropela um ponto e foge sem prestar socorro. A pontuação de Ponto Alegre se revolta e protagniza enfrentamentos com o governante, o Regente com problemas de regência, a Passiva, polícia secreta do Estado e os radicais Grego e Latino.


Pitty e Cronografia: uma trajetória em fotos (Edições Ideal, 160 págs.)
O primeiro livro da carreira de Pitty é uma biografia fotográfica da baiana entremeada por textos escritos pela própria artista. Partindo de sua infância, o livro segue para o resgate do início de sua carreira musical nas bandas Inkoma e Shes, relembra a consagração no início dos anos 2000 e abre espaço para o projeto paralelo Agridoce.


Thedy Corrêa e Noite Ilustrada (Belas-Letras, 131 págs.)
O vocalista do Nenhum de Nós lança seu segundo livro de poemas, que gira em torno da insônia e das longas madrugadas encaradas pelo artista em função dos shows com sua banda. O tango como trilha sonora das noites em claro, especulações sobre a insônia de Paul McCartney e a última noite de Natal com os pais são a matéria-prima para alguns dos versos.


Tico Santa Cruz e Pólvora (Belas-Letras, 168 págs.)
Pólvora é o terceiro livro de Tico Santa Cruz e a primeira incursão na ficção. O romance policial parte das incursões criminosas de uma dupla de jovens para fazer uma crítica caricata à realidade política, social e econômica do Brasil.

*Texto escrito para o Brasil Post
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