3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

30 de out. de 2012


Norte-americanos e ingleses estão "ultrajados" e "furiosos" (para usar alguns termos empregados pelos sites de notícias gringos) com os preços cobrados pelos ingressos dos quatro shows anunciados para comemorar seus 50 anos de carreira. Estão caríssimos, eles reclamam. Agora, pensa só: gringos chiando por causa de ingresso caro. O que será então de nós, tupiniquins, se os Stones resolverem vir com essa turnê pra cá, onde ingressos de shows internacionais já são absurdamente mais caros que lá fora? Talvez paguemos no mínimo R$270 pelo setor mais barato.

Como Ronnie Wood já andou dizendo por aí que a banda não descarta alongar a turnê, vamos tentar imaginar quanto esses ingressos poderiam custar aqui no Brasil. As referências são os valores cobrados nos Estados Unidos para esta turnê e os valores pagos aqui no país na turnê Bridges to Babylon, em 1998 (a última turnê paga dos Stones no Brasil, visto que o show de A Bigger Band, em 2006, foi gratuito, na praia de Copacabana). Os valores daquele ano foram corrigidos pela inflação do período.

Em 1998, quem foi ver os Rolling Stones no Anhembi, em São Paulo, ainda ganhou "de brinde" o Bob Dylan (sim, veja aqui. Eu, infelizmente, só vi na época pela transmissão da Globo). Para tanto, desembolsou o que seria equivalente hoje a R$159,07 pelo ingresso mais barato e  R$293,67 pelo mais caro. Mas, como é nossa sina pagar mais caro que os norte-americanos para ver exatamente a mesma coisa, esses preços eram, respectivamente, 44% e 73% maiores que os preços cobrados nos Estados Unidos na mesma turnê (os valores de lá também foram corrigidos).

E se essa porcentagem extra for transposta para os ingressos de uma possível turnê no Brasil tendo como base os preços cobrados hoje nos Estados Unidos pela turnê de 50 anos? O ingresso mais barato para os dois shows em Nova Jersey custa US$95 (ou R$192,44). Se ele aumentar 44% aqui, como ocorreu com a Bridges, o preço irá para R$277,11. Já o mais caro custa US$750 (ou R$1519,28) nos Estados Unidos. Se tivermos que pagar 73% a mais no Brasil, o valor final vai para R$2.628,35.

A conta pode seguir outro caminho também e considerar a variação de preços, nos Estados Unidos, entre os ingressos da Bridges e a atual turnê. Os possíveis valores finais para o Brasil, no entanto, ficam bem próximos da primeira conta. O ingresso mais barato tem um preço hoje 75% maior nos Estados Unidos que em 1998. Seguindo a mesma variação, no Brasil, isso ficaria em R$278,37. Já o ingresso mais caro é absurdos 798% maior hoje que 14 anos atrás. No Brasil, isso daria um preço final de R$2.637,15.

Resumindo: os ingressos poderiam ficar entre R$270 e R$2.600 (insano, este valor seria para um tal de "tongue-pit", bem na beirada do palco, sem ter a necessidade de acampar horas ou dias para ter acesso à primeira fila). Esses valores foram calculados somente de forma comparativa com os preços que pagamos aqui no passado e os preços cobrados hoje lá fora. Outros fatores podem fazer essas cifras se esticarem ou se contraírem feito elástico. A famigerada meia-entrada é uma delas, que sempre joga os preços pro alto. O número de ingressos postos à venda também. Nos Estados Unidos, os Stones tocam em arenas. Por aqui, o destino mais provável, hoje, seria um estádio, o que quase triplicaria o público e, em tese, permitiria baixar um pouco mais o preço.

O certo é que não vai ser barato. E os Stones provam que nem sempre dá pra ter o que a gente quer.


   

25 de out. de 2012

Sean Penn com jeitão de Robert Smith
Uns meses atrás comentei aqui um artigo do Guardian que qualificava o rock como música do envelhecimento. Parece que a indústria do cinema está na mesma sintonia e já são dois os filmes recentes que colocam como personagens centrais um rock star aposentado/decadente/depressivo. Depois de Sean Penn estrelar "Aqui É Meu Lugar" como um roqueiro recluso que sai da Irlanda para retomar a relação com o pai nos EUA, foi anunciado esta semana que Al Pacino também fará papel semelhante. Em "Imagine", ele será um rock star aposentado que passará por uma reviravolta na carreira ao descobrir uma carta que John Lennon, seu ídolo, escreveu para ele quando ainda tinha 19 anos. Será que nasce um novo filão no cinema?

17 de out. de 2012

A notícia poderia ser "Vaza áudio de ensaio dos Rolling Stones para nova turnê", mas prefiro dar uma alfinetada na pseudo rixa Beatles x Stones (só acredito nela como uma brincadeira boba, mas gostosa) e dizer que "Stones comemoram 50 anos com nova versão para música dos Beatles". Explico: alguém conseguiu gravar um trecho do ensaio que Mick e cia. fizeram na semana passada na Inglaterra para os quatro shows (dois na Inglaterra e dois nos EUA) que a banda anunciou que fará em novembro para celebrar suas cinco décadas. Nele ouve-se uma versão diferente de "I Wanna Be Your Man", composição que John e Paul deram de presente para a então novata banda de Londres. Este foi o segundo single da banda e o primeiro a entrar nas paradas.

16 de out. de 2012


A realização de shows gringos no Brasil tem sempre um momento esperado no script: aquele em que os fãs reclamamos do alto preço dos ingressos, turbinados pela profusão de entradas de estudante vendidas e a maldita taxa incompreensivelmente chamada de "conveniência". Comparados com os preços praticados fora do país (outra parte recorrente desse script), os valores que pagamos aqui ficam ainda mais caros.

Com o Lollapalooza Brasil, que só acontece no feriado da Páscoa no ano que vem (29, 30 e 31 de março), não foi diferente. Há gente reclamando do valor cobrado pelo passaporte de três dias de festival (R$900 - todos os valores citados aqui referem-se à inteira). Há gente reclamando pelo valor cobrado para cada um dos três dias (R$330 agora, R$360 a partir de janeiro de 2013). Mas caro e barato podem ser adjetivos aplicáveis a estes valores conforme o seu foco no festival.

Vamos comparar nossa situação com a dos gringos. Na edição norte-americana do Lolla deste ano, em Chicago, os passaportes variaram entre US$75 e US$230 (R$150 e R$460). Os ingressos individuais custaram US$95 (R$190). Os Chilenos, que também terão um Lolla no ano que vem, um fim de semana após o nosso, vão pagar entre 45 mil e 75 mil pesos pelo passaporte de dois dias (entre R$193 e R$322). A média por dia sai consideravelmente menor que aqui no Brasil. Ainda não há preços separados para cada um dos dias.

Mas vamos isolar a nossa realidade pelo menos por este momento, uma vez que ela não mudará enquanto não houver mudança na lei que regulamenta a meia-entrada ou na fiscalização exercida sobre esse benefício. O que você pretende com o Lolla? Ver todas as bandas (ou, pelo menos, a maioria delas, tendo em vista que os horários de algumas atrações coincidem) ou só o headliner (o chamariz para a maior parte das 70 mil pessoas que passarão pelo Jockey Clube)? Dependendo da resposta, a ida ao festival pode sair uma pechincha ou mais cara que um show comum. Vejam as contas feitas para cada situação:

Quanto mais, melhor - para quem quer ver o máximo de bandas que puder
Número de bandas por dia de festival: 20
Valor médio por banda:
Comprando o Lollapass: R$15 por banda (R$18 incluindo a taxa de conveniência)
Comprando o ingresso de dias separados: R$16,50 por banda (R$19,80 incluindo a taxa de conveniência)

Só o headliner me interessa
Quero ver só o Pearl Jam
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez no Morumbi no ano passado você pagou: entre R$190 e R$380
Diferença de R$140 considerando os ingressos mais baratos

Quero ver só o Killers
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez na Chácara do Jockey em 2009 você pagou: entre R$200 e R$350
Diferença de R$130 considerando os ingressos mais baratos

Como o Black Keys ainda não tocou no Brasil, não dá para fazer essa comparação com a dupla dos EUA.

Agora é com vocês. Decidam o que querem que entre pelos seus ouvidos e o que saia dos seus bolsos e vejam se a equação compensa.



A realização de shows gringos no Brasil tem sempre um momento esperado no script: aquele em que os fãs reclamamos do alto preço dos ingressos, turbinados pela profusão de entradas de estudante vendidas e a maldita taxa incompreensivelmente chamada de "conveniência". Comparados com os preços praticados fora do país (outra parte recorrente desse script), os valores que pagamos aqui ficam ainda mais caros.

Com o Lollapalooza Brasil, que só acontece no feriado da Páscoa no ano que vem (29, 30 e 31 de março), não foi diferente. Há gente reclamando do valor cobrado pelo passaporte de três dias de festival (R$900 - todos os valores citados aqui referem-se à inteira). Há gente reclamando pelo valor cobrado para cada um dos três dias (R$330 agora, R$360 a partir de janeiro de 2013). Mas caro e barato podem ser adjetivos aplicáveis a estes valores conforme o seu foco no festival.

Vamos comparar nossa situação com a dos gringos. Na edição norte-americana do Lolla deste ano, em Chicago, os passaportes variaram entre US$75 e US$230 (R$150 e R$460). Os ingressos individuais custaram US$95 (R$190). Os Chilenos, que também terão um Lolla no ano que vem, um fim de semana após o nosso, vão pagar entre 45 mil e 75 mil pesos pelo passaporte de dois dias (entre R$193 e R$322). A média por dia sai consideravelmente menor que aqui no Brasil. Ainda não há preços separados para cada um dos dias.

Mas vamos isolar a nossa realidade pelo menos por este momento, uma vez que ela não mudará enquanto não houver mudança na lei que regulamenta a meia-entrada ou na fiscalização exercida sobre esse benefício. O que você pretende com o Lolla? Ver todas as bandas (ou, pelo menos, a maioria delas, tendo em vista que os horários de algumas atrações coincidem) ou só o headliner (o chamariz para a maior parte das 70 mil pessoas que passarão pelo Jockey Clube)? Dependendo da resposta, a ida ao festival pode sair uma pechincha ou mais cara que um show comum. Vejam as contas feitas para cada situação:

Quanto mais, melhor - para quem quer ver o máximo de bandas que puder
Número de bandas por dia de festival: 20
Valor médio por banda:
Comprando o Lollapass: R$15 por banda (R$18 incluindo a taxa de conveniência)
Comprando o ingresso de dias separados: R$16,50 por banda (R$19,80 incluindo a taxa de conveniência)

Só o headliner me interessa
Quero ver só o Pearl Jam
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez no Morumbi no ano passado você pagou: entre R$190 e R$380
Diferença de R$140 considerando os ingressos mais baratos

Quero ver só o Killers
No Lolla você paga: entre R$330 e R$360
No show que a banda fez na Chácara do Jockey em 2009 você pagou: entre R$200 e R$350
Diferença de R$130 considerando os ingressos mais baratos

Como o Black Keys ainda não tocou no Brasil, não dá para fazer essa comparação com a dupla dos EUA.

Agora é com vocês. Decidam o que querem que entre pelos seus ouvidos e o que saia dos seus bolsos e vejam se a equação compensa.

15 de out. de 2012

Agora vai. Vai?
Segunda-feira, 15 de outubro. Estamos a cinco dias do Festival Planeta Terra, que acontece no próximo sábado (20) em São Paulo. A essa altura, cogitar sobre o possível setlist do Suede ou se será possível admirar de perto a belezura dos irmãos Followill torna-se uma tarefa até pequena diante de uma dúvida mais consistente: será que desta vez, finalmente, o Gossip não vai dar pra trás de última hora e cumprirá com o combinado?

Para quem não se recorda, a banda de Beth Ditto, uma das atrações desta edição do Planeta Terra, cancelou por duas vezes shows marcados no país, às vésperas das apresentações. Em 2008 (num mesmo mês de outubro, diga-se), os ingleses cancelaram as apresentações no Tim Festival (Rio e São Paulo) duas semanas antes das datas confirmadas. Em 2010, o cancelamento aconteceu apenas uma semana antes do primeiro dos quatro shows que estavam marcados aqui, em março daquele ano (Porto Alegre, BH, São Paulo e Rio).

Entramos agora na contagem regressiva. Faltam apenas cinco dias. Como diria aquela voz em off de um quadro do Fantástico: estamos de olho.

3 de out. de 2012

Essa deve estar pau a pau com o hit dos berços "Dorme, neném, que a Cuca vem pegar". A "canção de ninar" do alemão Bramhs (Brahms's Lullaby), composta na segunda metade do século XIX, já deve ter embalado seu sono em algum momento da sua infância.


1 de out. de 2012



Hoje o Guardian informou que há rumores segundo os quais Morrissey e cia. teriam assinado contrato para quatro shows, dentro eles um no Glastonbury do ano que vem. Também nesta segunda, o Pitchfork destacou uma declaração de Moz na qual ele revela que o Coachella prometeu uma edição 100% vegetariana caso ele aceitasse se reunir com Johnny Marr e se apresentar como The Smiths. A revelação não foi seguida de uma negativa sobre a reunião com o ex-parceiro, coisa que Moz já fez antes.

Some as informações. Faça as contas. Tão certo quanto dois e dois são... quatro ou cinco? Acho que começa hoje uma novela interessantíssima. Aguardemos os próximos capítulos.
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