que tive com John Lennon. Na ocasião, disse que vocês entenderiam melhor o porquê do sonho esta semana. Eis a explicação: estava fazenso 
 que pedia a fãs de Beatles que imaginassem como a banda estaria em 2010 caso John e George não tivessem morrido e os quatro tivessem continuado juntos. Acho que me envolvi tanto com a apuração que acabei imaginando, em sonho, essa situação - mas só John entrou na  brincadeira. O post sobre o tal sonho (que me sugere que John estaria tocando ainda, em carreira solo, teria tido uma filha e estaria lutando por causas ambientais) está 
Desde o início do ano, John, Paul, George e Ringo  viajam o mundo com a turnê que celebra os 50 anos de existência dos  Beatles. O anúncio dos shows, feito de supetão por Lennon no início do  ano em sua página no Twitter (twitter.com/lennon), deixou fãs ao redor  do mundo histéricos e surpresos, uma vez que a banda vinha se mostrando  resistente aos palcos desde a década de 1960 - depois de 1966, quando  deixaram de se apresentar ao vivo por causa da gritaria das fãs, os  Beatles voltaram aos palcos somente em 1985, no Live Aid, motivados  (principalmente John) pelo objetivo central do megafestival de rock de  arrecadar recursos para o combate à fome na África. Após esse retorno, a  banda ainda fez duas turnês, ambas para divulgar um trabalho lançado no  fim da década de 1980 e outro em meados dos anos 1990.
Coerente com esse histórico, a banda foi econômica e decidiu fazer  apenas dez disputadíssimos shows ao longo do ano para marcar seu meio  século de atividade. São Paulo, Nova York, Tóquio, Sydney e Londres  foram algumas das capitais mundiais eleitas para receber as  apresentações. Em seu país de origem, um show especial no Hyde Park, ao  lado de outros gigantes do rock, como os Rolling Stones e Bob Dylan, e  de novos nomes da música, como Black Eyed Peas e Lady Gaga - uma  participação controversa. No repertório das apresentações, os hits do  auge da beatlemania, clássicos de "Sgt. Peppers..." com novos arranjos e  uns poucos sucessos dos discos sucessores de "Abbey Road", gravados  entre os anos 1970 e 1990 e nem tão aclamados assim.
Combinando as várias sugestões de beatlemaníacos ouvidos pelo 
Pampulha  e com um pouco mais de imaginação, é mais ou menos assim que os Beatles  estariam hoje, caso a banda não tivesse terminado e John e George não  tivessem morrido. A brincadeira de imaginar ocorre em um ano  emblemático: 2010 marca os 50 anos do início da banda, 40 anos de seu  fim, 30 anos da morte e 70 do nascimento de John . 
No exercício de futurologia de fãs, músicos e estudiosos, o mais  comum foi associar a versão 2010 dos garotos de Liverpool a uma das  bandas com mais longevidade do rock. "Se eles não tivessem acabado, acho  que virariam uma banda como os Rolling Stones, que se juntam de quatro  em quatro anos para gravar álbum, fazer turnê, ganhar dinheiro e depois  sair em carreira solo", sugere André Katz, tecladista da banda Sgt.  Peppers, cover de Beatles.
Nem tão brilhantes assim 
Tornar-se  uma banda estável, como os Rolling Stones, seria o destino mais  provável dos Beatles. O professor da Universidade Federal de Alagoas,  Jeder Janotti Júnior, pesquisador de música popular, explica o porquê.  “Ao contrário da música erudita, onde os compositores atingem a  maturidade criativa com o avanço da idade, no rock, que está ligado à  cultura juvenil, o melhor das bandas é feito no período inicial da  carreira. Depois, a tendência é de estabilização”, explica. A  consequência, segundo ele, seria um quarteto muito menos inventivo e  revolucionário que aquele que o mundo conheceu na década de 1970,  opinião compartilhada pelo jornalista e produtor musical Flávio Henrique  Silveira. “Acho até que eles teriam feito uns dois discos de repertório  inédito, mas as músicas nunca mais teriam o mesmo apelo dos anos 1960. O  brilhantismo está condenado aos primeiros anos de carreira”, lamenta.  Mesmo assim, Flávio não deixa de fantasiar. “Em 2007, eles teriam  regravado o Sgt. Peppers, para celebrar os 40 anos do disco. Seria uma  revisita ao álbum, com novos arranjos feitos pelo Paul”. 
A ideia de uma grande turnê comemorativa também é dele, que sugeriu  como convidados os Rolling Stones, Eric Clapton, e as jovens cantoras  Lilly Allen, Joss Stone e Lady Gaga. “Sinal dos novos tempos, em que  tudo se mistura”, justifica. Mas talvez os fãs da banda não entendessem  nesses termos. Recentemente, Gaga irritou os beatlemaníacos depois que  Sean Lennon, filho de John, divulgou em seu Twitter uma foto da cantora  tocando o piano que era do músico, durante uma visita à casa de Yoko  Ono, viúva de Jonh. Mesmo com a irritação dos fãs, a cantora foi  convidada por Yoko a participar de um show em homenagem aos 70 anos de  seu marido, nos dias 1º e 2 de outubro, em Los Angeles. 
Lelo Zaneti, baixista do Skank, também imagina uma turnê grandiosa,  com nomes como Bob Dylan e Black Eyed Peas, com direito a shows no  Brasil e desempenho impecável dos fab four. “Hoje existe uma estrutura  de som incrível pra shows”, observa, lembrando que um dos motivos que  levaram os Beatles a abandonarem o palco, além do barulho provocado  pelas fãs, foi a dificuldade de executar ao vivo a crescente  complexificação de suas composições.
Bom enquanto durou
Há  quem fique com os pés mais próximos do chão e acredite que o fim da  banda era mesmo inevitável, dado o temperamento de cada beatle. “Eu acho  que eles não teriam saco pra continuar como banda. Cada um deles tem um  talento criador tão gigantesco que eles teriam, mesmo, partido para a  carreira solo”, defende Lô Borges. 
Beto Arreguy, guitarrista e vocalista da banda Hocus Pocus, cover dos  ingleses, também acha que o máximo que os fãs veriam em 2010 seriam  colaborações de um beatle com outro nos trabalhos solo. “Eu não tenho  essa ilusão. Isso foi cogitado na época em que eles se separaram, teve  um dinheiro grande, e eles não aceitaram”, lembra, completando que o fim  da banda, apesar de inevitável, ocorreu no momento certo. “Vejo como  positivo eles terem parado no auge com um disco arrasa quarteirão, o  ‘Abbey Road’. Eles terminaram no auge, sem estarem decadentes.” 
A observação de Beto encontra eco nas fontes consultadas. Apesar de  todos lamentarem o fim da banda, que durou apenas dez anos, o sentimento  comum é de que a banda foi extraordinária o suficiente. “As coisas  duram o que têm que durar”, resume Flávio.
Em plena atividade
Aos 70 anos, John continuaria conciliando ativismo político e rock’ n’ roll; internet seria incorporada pelo músico
John  não imaginava que teria de passar tantas décadas pedindo ao mundo que  desse uma chance à paz. O protesto contra a guerra do Vietnã foi só o  primeiro de uma série que ele se sentiu obrigado a liderar: ele não  poupou de críticas as guerras do Golfo, no início da década de 1990, do  Afeganistão e do Iraque, nos anos 2000. Depois de Nixon, nos anos 1970,  os governos de Bush "pai" e de Bush "filho" foram seus alvos quando,  finalmente, em 2008, acreditou na promessa de Obama e decidiu apoiá-lo. 
Na imaginação de músicos e fãs ouvidos pelo 
Pampulha,  esta teria sido a provável trajetória de John se o dia 8 de dezembro de  1980 não tivesse existido na história: naquele dia, o beatle foi morto  com quatro tiros, disparados por Mark Chapman, preso até hoje pelo  assassinato. Mas, se é consenso o embate de Lennon com os Estados  Unidos, os beatlemaníacos divergem sobre o imaginário futuro político de  Lennon. O jornalista e produtor musical Flávio Henrique Silveira  acredita que os primeiros anos do governo Obama teriam decepcionado o  músico. "Talvez fosse o último esforço dele de apoiar um político, uma  causa", supõe. André Katz, tecladista da banda Sgt. Peppers, cover de  Beatles, enxerga um caminho exatamente oposto. Ao invés de desistir da  política, John se envolveria com ela em um nível extremo. "Acho que ele  ia acabar se candidatando à presidência dos Estados Unidos. É uma  loucura, mas você poderia esperar mil coisas do John", assegura. Lelo  Zaneti, baixista do Skank, aposta que John seria um grande parceiro e  divulgador do trabalho de Michael Moore, cineasta famoso por seus  documentários contra as ações do governo norte-americano. 
Mas nem só de política viveria Lennon, no alto de seus 70 anos. "O  John estaria fazendo rock’n’ roll de primeira", imagina Beto Arreguy,  guitarrista e vocalista da banda Hocus Pocus. A idade também não o  impediria de fazer uso de ferramentas modernas. Para Fábio, ele teria um  blog polêmico, aos moldes do de Caetano Veloso. Já Gustavo Sampaio,  guitarrista da banda Revolver, acha que John não perderia a chance de  propagar suas ideias em 140 caracteres. "Quem sabe não teria um  twitter.com/lennon, né?", sugere.
No forno
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