3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

15 de set. de 2010



Frente a frente, estamos eu e John sentados em um café qualquer de Londres. De boina, cobrindo parte dos cabelos que chegam até os ombros, ele quase lembra a imagem eternizada de Che, não fossem os óculos de aros redondos, que se converteram em ícone para seu próprio rosto. Sem fazer pausas, ele reitera sua entrega total à música e de como a arte é uma necessidade vital. "I'm AN artist", ele diz, frisando o "an" como uma forma de reforçar que a arte se confunde com seu ser. Após uma intervenção minha, John menciona a viagem que fez com a filha a São Paulo. Lamenta a poluição e as enchentes do rio Tietê.

***
A essa hora (mais de 22h), esse é o pouco que eu consigo lembrar do sonho que tive com John na última noite. Semana que vem vocês vão entender melhor porque, exatamente, decidi compartilhar este "encontro" nonsense.

14 de set. de 2010

Crédito: Marcos Vilas Boas

No último sábado (11), Otto lançou em BH seu disco "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos". Conversei com o cantor sobre o show nesta matéria para o Pampulha e, logo abaixo, reproduzo a entrevista na íntegra, na qual tratamos de outros assuntos, relacionados à repercussão de seu último disco. Como vocês vão ver, Otto é puro otimismo e felicidade com sua condição de artista independente que consegue circular por ambientes mais atrelados ao mainstream.

Seu último disco, "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos", foi apontado como sendo mais dramático, mais triste, em comparação com outros trabalhos seus. Você concorda com essas avaliações?

Ele é um disco bem melancólico, bem forte, mas é um disco pra frente, é uma coisa bem pura do ser humano. É muito mais uma esperança do que essa coisa da tristeza.

Você está com duas músicas em trilhas de novelas. "Crua", em "Passione", da Globo, e "Naquela Mesa" [Regravação de Sérgio Bittencourt], na Record. Você percebe alguma diferença na recepção do seu trabalho tendo músicas nas novelas?
Essa coisa do cabeça, do cult, do alternativo, do underground, está mudando. Eu achava, Desde o primeiro disco, eu achava que ninguém ia cantar e hoje todo mundo canta desde a primeira música do show. É uma vitória, porque é uma música inovadora, contemporânea e o resultado é que hoje, com 42, estou mais forte. Eu consigo ter um público forte, a música está mudando e eu venho evoluindo. Sou um comunicador, nasci para o palco, para o público.

Você concorre no VMB aos prêmios de Artista do Ano, Show do Ano e MPB. Que nível de importância você dá para essas premiações?
Todo mundo que é indicado por um veículo de comunicação é sempre bom. No meu caso, já ganhei revelação com o primeiro disco e agora estou nuns prêmios cascudos. Pra mim, que fiz esse disco independente, estar nessas categorias de gravadoras é uma vitória. Eu sou um azarão, o sonho americano. Americano, não, o sonho brasileiro! (risos). Eu sou um cara que vê contemporaneidade na minha cultura, que trabalha com a língua portuguesa. Quando você vê que uma pessoa dessas pode, é uma vitória. É bom até pro pego. Eu gosto de estar presente, não fiquei naquela de alternativo. Os prêmios estão mudando, a política está mudando. Não fiz política para participar de novela porque nem tinha gravadora. Foi a música que venceu.

Como vê esse seu enquadramento na categoria MPB?
Quando fui revelação na MTV [Otto ganhou o prêmio de artista revelação no VMB 1999], concorri com Maurício Manieri, Vinny e Pepê e Nenem. Eles eram muito rádio e eu ganhei. Ali já começou a mudar alguma coisa. Estava mostrando que é possível eu estar entre grandes artistas. Era tudo gravadora e eu vim com um disco louco, uma música louca e fiquei. O Samba pra Burro é um divisor de águas. Hoje, eu vejo que na MPB eu estou concorrendo com o Lucas Santana, o Diogo Nogueira, a Céu. Todo mundo novo, uma geração nova. Já competi com o Frejat e agora, quando olho para o lado, tem todos os meus amigos sendo premiados. É uma mudança e a MTV é boa como casa de música, foi um lugar que sempre abrigou a minha música. É uma alegria melhor ainda tocar ao vivo lá, que era meu sonho [Otto faz show no Vídeo Music Brasil, na próxima quinta, 16].

Você levou seis anos entre um disco de inéditas ("Sem Gravidade", 2003) e outro ("Certa Manhã"...). Já faz um ano desde o lançamento do “Certa noite...”. Acha que vai levar tanto tempo para lançar o próximo?
No final do ano quero começar a preparar. Ele vai sair no dia 11/11/2011 e vai se chamar "The Moon 1111". A data é porque tem um portal que se abre no dia 11/11. Tem a ver com os dígitos, eu não sei bem explicar, mas eu vejo esse disco como se fosse um portal meu, como se eu fosse abrir. Ele tem a ver com Truffaut, é espacial, tem que ir pro espaço.

Já tem algum material?
Tem umas burilações, umas coisas pequenas, mas eu vou fazer na hora. Tem a ver com Fahrenheit 451, do Truffaut. Tem que fazer na hora porque já queimaram a escrita. Está tudo na memória, como em Fahrenheit.

Pretende lançar esse novo disco indepente, como aconteceu com o trabalho atual?
Eu não espero que ninguém me compre. Quero fazer o meu trabalho e mostrá-lo, seja na internet ou onde for. De qualquer forma, há de existir público, independente de eu participar de uma gravadora. Se tiver alguém para acreditar na ideia, eu quero muito também, mas o que eu quero é fazer o meu trabalho. Construir sua máquina, trazer suas ferramentas, conceituar e fazer isso virar música. Isso é que é difícil.

13 de set. de 2010

Crédito: Gualter Naves
"Everything is Everything
Everything is everything
What is meant to be, will be
After winter, must come spring
Change, it comes eventually


O que tornou Lauryn interessante, lá em meados dos anos 90, foi combinar a beleza e o poder vocal historicamente característico de grandes cantoras negras da música americana com a postura de palco e a capacidade rítmica dos MCs, em um universo predominantemente masculino e sexista. Com a voz bem menos encorpada que quando jovem, como muita gente já havia destacado a respeito das outras apresentações que fez no Brasil, no show aqui em BH, na última sexta (10), a cantora não conseguiu manter o nível do primeiro elemento da combinação de seu sucesso, cujo auge foi em 1998, com o seu único disco de estúdio "The Miseducation of Lauryn Hill". Mas não deixou nada a dever no segundo quesito.

Movimentando-se muito no pouco espaço que lhe sobrava no palco (dois guitarristas, baixista, baterista, DJ e duas backing vocals e tecladista, a "crew" da cantora, lotaram o palco), interpelando a banda e o público, e improvisando, Lauryn, ausente dos palcos e do showbiz há anos, lembrou quem estava no Chevrolet Hall porque ela saiu tão facilmente do papel de coadjuvante nos Fugges e se revelou como uma das grandes promessas do hip hop.

Como sabemos, sua condição feminina, que tornava tudo isso ainda mais singular e significativo, foi, ao mesmo tempo, o que impediu que essa promessa se concretizasse. Lauryn abdicou do trabalho para se dedicar ao filho Zion (hoje ele tem mais quatro irmãos), numa atitude que, provavelmente, muitas mulheres na mesma situação já se sentiram impelidas a tomar - ou culpadas por não tomar ou por não poder fazê-lo.

O quanto Lauryn se sente artística e pessoalmente satisfeita com essa decisão, só ela sabe. Quanto ao público, acho que deixamos de ganhar muito nesses anos todos em que Lauryn não produziu nada. Mas, ao mesmo, a julgar pelo show, não perdemos o que ela já tinha nos dado quando mais jovem, apesar das mudanças na voz e na imagem - da mocinha estilosa para a mãezona vestida em uma bata. Num universo como o do hip hop americano, que ainda insiste em colocar as mulheres apenas como objeto dos "pimps", já é muita coisa.

Curtas

O baixista tocou o show inteiro com uma mochila nas costas. Oi?

***

O público presente era uma fauna humana: gente do hip hop, do reggae, cults, patricinhas, playboys. Lauryn agrada, mesmo.

***

Os engenheiros de som vacilaram no início do show e permitiram que a microfonia desse as caras nas primeiras músicas.

***

As primeiras músicas do show ganharam uma roupagem mais rock 'n' roll, com direito até a solo de guitarra em X-Factor. Não ficou ruim, mas o que Lauryn sabe fazer é hip hop.

***

Assim como nas outras apresentações pelo pais, Lauryn demorou para subir no palco. Aqui, mais precisamente, ela atrasou 1h20min. Conforme apurou a colega de redação Soraya Belusi, o atraso se deveu à dificuldade na hora de escolher o figurino. Ok, Lauryn. Te entendo!

***

No YouTube há trechos do show da cantora aqui em BH.

10 de set. de 2010

Já está dando sopa por aí faz um tempo, mas vale falar: The Johhny Cash Project é uma iniciativa que constrói colaborativamente um clipe para a música "Ain't no Grave", do Johnny Cash. Funciona assim: quem quiser, manda uma sequência de animação para o site, e o trabalho é então combinado com todos os demais que já foram enviados. Enquanto houver envio de animações, sempre haverá novas versões do vídeo, prometem os organizadores do projeto. Também dá para ver um vídeo diferente de cada vez "costumizando" a exibição, escolhendo o estilo de desenho (realista, abstrato) que se quer ver.



Vá lá: www.thejohnnycashproject.com

8 de set. de 2010

Quando tu vens, Paul?

Fãs de Beatles em terras brasileiras certamente estão irrequietos nos últimos dias devido aos boatos de que Paul, finalmente, voltaria a se apresentar no país este ano - ele já tocou aqui em 90 e 93.

É claro que o meu desejo é que o boato se torne fato, mas a experiência me obriga a ser comedida a fim de evitar mais frustrações. Não é de hoje que, configurando uma novela, surgem notícias que especulam sobre a vinda do beatle canhoto ao país. Vejam só:

Capítulo 1
Há sete anos, em 2003, um jornal carioca afirmou que a prefeitura do Rio, a EMI e o próprio Paul haviam acertado um show na cidade. Ocorreria até 14 de junho do ano seguinte, na Enseada de Botafogo, gratuitamente.

Capítulo 2
O provável show de 2004 foi confirmado novamente naquele mesmo ano, mas com uma mudança de lugar: da Enseada de Botafogo para o aterro do Flamengo. Até uma passagem da novela Celebridade, na qual a personagem Maria Clara, uma produtora de shows interpretada por Malu Mader, viaja para Londres para negociar uma apresentação de Paul no Brasil foi usada como indício de que o músico estaria mesmo vindo ao país. Céus!

Capítulo 3

Em meados de 2008, quando começaram a surgir notícias de uma nova turnê de Paul, uma nova vinda do músico ao país foi cogitada.

Capítulo 4
No ano passado, durante os preparativos para a festa dos 50 anos de Brasília, que viria a ocorrer em abril deste ano, o ex-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, revelou que negociava a vinda de Paul para a comemoração. Ele se apresentaria na Esplanada dos Ministérios, gratuitamente. Se você acompanha o noticiário de política, sabe que a promessa afundou junto com toda a cúpula do governo do DF, que naufragou no barco do mensalão do DEM.

Capítulo 5
Poucas semanas depois de o governo do DF criar expectativas nos fãs de Beatles, o site SoungKick nos fez acreditar que a coisa era melhor do que parecia. Paul não se apresentaria apenas em Brasília; faria shows também no Rio, em São Paulo, Curitiba, Recife e BH.

Capítulo 6 - The final one?
Nesta semana, Lúcio Ribeiro - o jornalista antecipador oficial de shows estrangeiros no país, disse que Paul estaria preparando uma turnê sul-americana. Dias depois, o Clarín afirmou que o ex-beatle faria dois shows na Argentina, nos dias 14 e 15, e também passaria por Brasil, Chile e Peru. Até agora, o site de Paul não confirma nada.

Aguardo cenas dos próximos capítulos. Quem mais?

31 de ago. de 2010



Nos últimos dias, recebi via Twitter e Facebook links que direcionavam para o vídeo de uns senhores super simpáticos fazendo uma versão bem calminha de "Rehab", da Amy Winehouse. Gostei e fui atrás de mais coisa sobre eles. Fiz uma descoberta ótima: os Jolly Boys.

A banda, original de Port Antonio, na Jamaica, foi fundada na década de 1950 e é uma das precursoras do mento, ritmo local surgido no século XIX com instrumentos acústicos. Mesmo passando por mudanças na formação ao longo desses 60 anos, a banda nunca deixou de se apresentar ao vivo. Em 2008, o proprietário de um hotel em Port Antonio, onde os Jolly Boys são a banda residente, decidiu produzir um novo álbum da banda, "Great Expectation", que traz versões mento para sucessos do pop rock mundial, dentre elas "Rehab", "Blue Monday", do New Order, "Perfect Day", do Lou Reed, dentre outras.



No site da banda, há um minidocumentário contando sua história e áudios antigos em streaming. Uma busca no You Tube também retorna alguns vídeos do grupo.

Seriam os Jolly Boys o novo Buena Vista Social Club?

27 de ago. de 2010



Zeca Baleiro prepara o lançamento de dois novos discos, "Trilha", uma coletânea de suas composições que serviram de trilhas para o cinema e espetáculos de dança, e "Concerto", registro de um show feito em março deste ano. Para adiantar as coisas, o cantor e compositor liberou o download de quatro faixas, duas de cada disco. Tem ainda outros "brindes", como o download do vídeo de "Toca Raul", acima.

É só passar no site do Zeca.

26 de ago. de 2010

Foi ele quem fez!

Li ontem (25) no New York Times que um certo senhor chamado George David Weiss, compositor norte-americano, falecera. Ao ler o texto, comecei a pensar sobre como esse mundo pop pode ser, em partes, injusto. Não é novidade reconhecer a força da interpretação de Louis Armstrong para "What a Wonderful World" e a versão definitiva que Elvis deu para "I Can't Help Falling in Love", mas raramente se pergunta quem deu vida aos versos dessas músicas.

Obrigada New York Times, por diminuir minha ignorância e dar a César o que é de César - ou melhor, dar a Weiss o que é de Weiss.

"I Can't Help Falling in Love", composição de Weiss de 1961


"What a Wonderful World", composição de Weiss de 1967



"The Lion Sleeps Tonight", composição de Weiss de 1961
Tecnologia do Blogger.