3 de set. de 2012

Ouvir música em quaisquer circunstâncias é uma atividade vital pra mim, mas nenhum sentimento gerado por esse ato se aproxima da experiência de ouvir - e ver - a música acontecendo ao vivo. Cada música renasce diante de você, a voz e a imagem do artista se transformam em carne e osso e a emoção que tudo isso provoca é compartilhada coletivamente. É por isso que há 12 anos não gasto um centavo comprando música gravada, mas não me incomodo quase nada em pagar muito caro para ouvir música ao vivo. É tão único que vale cada centavo, mesmo que sejam milhares.

Pois a Wired está apostando que, do mesmo jeito que a tecnologia provocou mudanças que levaram pessoas como eu a não comprarem mais discos (leia-se vovô Napster e todos os seus filhos e netos), ela pode também fazer ruir a ainda lucrativa indústria de shows, deixando gente como eu na frente do computador para ver shows. O motivo da aposta é o Google+ Hangouts On Air. A ferramenta da rede social do Google permite que qualquer um transmita ao vivo para o mundo um show ou qualquer outro tipo de evento. A transmissão acontece pela conta no site, pelo YouTube e em quaisquer outros sites aos quais a ferramenta esteja incorporada.

Há shows pelos quais vale a pena pagar, há outros em que o melhor seria poder assisti-los de graça e nesse ponto a transmissão de shows pela internet aumenta a oferta de música, que já é imensa hoje. A exclusividade disso não é do Hangouts On Air, que apenas se soma a sites como YouTube (Rock in Rio, Coachella, shows do Cine Joia e outros casos isolados) e Terra (Planeta Terra e alguns shows isolados também).

Ainda que em outra dimensão, há um componente forte de experiência coletiva nessas transmissões via redes sociais. Nunca imaginei, por exemplo, que o Rock in Rio do ano passado, com aquele line up que muito pouco me agradou, poderia ter sido tão divertido quanto foi assistindo às transmissões no G1 e acompanhando a repercussão no Twitter e no Facebook. Imagina como seria então ter a mesma experiência com um show que realmente me interessa? Mas a certeza da materialização do seu ídolo e o milagre do renascimento só acontecem mesmo ao vivo.

Se o público vai se contentar em abrir mão desses dois aspectos e até encontrar mais vantagens num show visto da tela de um tablet ou notebook a ponto de mudar as estruturas da indústria de shows é questão de tempo. E olha que hoje não precisamos de esperar muito para ver as mudanças acontecerem. Seja lá o que acontecer, eu prefiro continuar pagando pra ver, em todos os sentidos.

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