24 de dez. de 2020

 

Everyting is Everthing é pra mim, antes de tudo, uma memória visual - Nova York como um grande toca-discos é algo certo de ficar pra sempre na sua mente. Depois vem a batida forte, confiante. 

Quanto à letra, do alto dos meus 13 anos não necessariamente eu estava filosofando sobre as questões mais profundas que a Lauryn Hill escreveu (faltava maturidade e nível de inglês na época). 

Até que, uns 20 anos depois, eu me reencontrei com a música. 

Exatamente quando estive em Nova York, uns três anos atrás, graças a uma oportunidade daquelas que são preciosas. Inicialmente me pareceu inesperada, mas hoje vejo que foi um fruto que tinha chegado no momento de ser colhido. 

É claro que num primeiro momento eu pensei na música (no clipe, na verdade) quando me vi caminhando pelas mesmas ruas que via a Lauryin caminhando naqueles anos de adolescência regados a MTV - a memória visual. Mas depois de um atraso histórico resolvi prestar atenção nos versos que ela escreveu (agora sim com um inglês mais decente) e - bingo - a letra conversou muito comigo e com o que eu tinha passado até chegar naquele momento.

E agora eu volto nela outra vez como um religioso recorre a um salmo, nesse ano cheio de provações. Porque a força e a confiança da batida que eu falei ali no início também estão na mensagem da letra. Tem uma dureza necessária conduzindo tudo, mas é ao mesmo tempo reconfortante. Bem do jeito que a gente precisa pra atravessar tempos difíceis.  

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