3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

28 de nov. de 2012




Roberto Carlos vendeu um milhão de cópias do compacto "Esse Cara Sou Eu", anunciou sua gravadora, Sony Music. Desde 2001, com seu Acústico MTV, Roberto não atingia esta marca, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Com este novo milhão, Roberto ultrapassa, considerando as vendagens neste início de século, um dos maiores vendedores de discos no período, Padre Marcelo Rossi.

Até então, de 2000 pra cá, ambos tinham vendas que batiam na casa dos quatro milhões - 3,8 milões mais precisamente, conforme cálculos a partir dos arquivos da ABPD. Mas "Esse Cara Sou Eu" colocou o rei no trono novamente (vale lembrar que em toda sua carreira Roberto é imbatível, com seus 100 milhões de discos vendidos, marca que provavelmente jamais será alcançada dadas as mudanças ocorridas na indústria).

Nos últimos 12 anos, Padre Marcelo até lançou mais discos (dez, contra oito de Roberto), mas o rei obteve vendas mais expressivas de cada um de seus álbuns. Passou das 500 mil cópias e do 1 milhão três vezes, enquanto padre Marcelo bateu a casa do milhão duas. Os demais trabalhos do padre cantor ficaram todos abaixo dos 300 mil.


*Inclui apenas as vendas que atingiram quantidade certificada pela ABPD
**Em 2000, Roberto Carlos vendeu 1 milhão de cópias de "Amor Sem Limite" e 500 mil cópias de "30 Grandes Sucessos"
***Em 2009, Padre Marcelo Rossi vendeu 1 milhão de cópias de "Minha Benção", 300 mil cópias de "Paz Sim, Violência Não" e 50 mil cópias de "Momento de Fé Para Uma Vida Melhor"


Em tempos de vacas magras da indústria fonográfica, falar de 1 milhão de discos vendidos é relevante, até para um rei. Nos anos 1970 e 1980, era praxe os discos de Roberto já saírem da fábrica com essa tiragem, certa que era a altíssima procura nas lojas. Mais gente chegava fácil nesse número também. Recentemente, sabemos, o cenário mudou. Caiu para a metade a quantidade de artistas que chegaram ou ultrapassaram este total nas duas últimas décadas: de 22 nos anos 1990 para 11 nos anos 2000. No gráfico abaixo, dá para ver como o caldo tem ficado cada vez mais ralo. Milhão hoje, é para poucos: coisa de rei e de Jesus.




26 de nov. de 2012

Foto semi-profética de 2006, quando o Coldplay ironizou sobre seu suposto fim e foi mal interpretada pela imprensa

Não tá fácil pra ninguém, nem pros astros da música. Num momento em que reformas, turnês de reunião e comemorações de efemérides de gente fora da ativa estão na moda, há quem vá na contramão. De agosto até agora, cinco bandas/artistas anunciaram que vão tirar férias do estrelato, alguns deles por tempo indeterminado. A última a avisar sobre a pausa foi o Coldplay, na última sexta (23). Já que gente não pode ter esse luxo de se auto-decretar em férias, vamos ao menos recapitular quem são os dissidentes do showbiz.

Quem: Coldplay
Férias: pelo menos três anos
Motivo: não esclarecido. Ao menos, dá para inferir que o cancelamento súbito dos shows no Brasil não tem a ver com questões locais, como foi sondado por aí (risco de baixa venda de ingressos, o surgimento de uma oferta melhor $$$, falta de interesse em uma tour latina). O problema é com eles. Mas ainda há mistério nessa história toda

Quem: Foo Fighters
Férias: tempo indeterminado
Motivo: Dave Grohl quer se dedicar ao lançamento de documentário e álbum sobre o estúdio Sound City. O músico também vai assumir a bateria do Queens of The Stone Age, que começa a gravar novo disco no início do ano que vem. Notícia boa para os brasileiros, pois isto pode trazer Grohl novamente ao Brasil: o QOTSA toca no Lolla, em março.

Quem: Incubus
Férias: tempo indeterminado
Motivo: a banda precisa descansar da turnê que se arrasta por um ano e meio e não considera a possibilidade de fazer um novo disco apenas por pressão

Quem: Florence Welch
Férias: um ano
Motivo: Florence alega que precisa cuidar de incômodos que vem sentindo nas cordas vocais e está liberada pela gravadora para descansar pelo tempo que quiser

Quem: Scisor Sisters
Férias: tempo indeterminado
Motivo: não foi esclarecido, mas a banda assegurou que não vai ficar muito tempo longe dos palcos

23 de nov. de 2012



Neste domingo (25), os Stones fazem em Londres o primeiro dos quatro shows anunciados até agora para a turnê 50 and Counting. Na segunda certamente já teremos milhões de vídeos tremidos e com som abafado no YouTube registrando a apresentação, mas dentro de poucos dias poderemos assistir a banda com mais dignidade: no dia 15 de dezembro, o Multishow exibe, ao vivo, direto de New Jersey, a apresentação dos Stones para os norte-americanos.

No meu recém-nascido blog, falo um pouco das pistas para o setlist desta mini-tour.

22 de nov. de 2012



Os Rolling Stones fazem neste domingo (25), em Londres, o primeiro show da turnê 50 and Counting. É certo que eles vão despejar décadas de hits sobre o público e já dá para sondar quais os possíveis sucessos eleitos para irem ao palco. O show de domingo é a estreia da turnê, mas não a estreia da banda ao vivo em 2012. Os Stones fizeram três apresentações surpresa em Paris em outubro e em novembro. Unindo os três curtos repertórios de cada uma delas (foram dez músicas em média, metade do que eles tocaram nas duas últimas turnês) e comparando-os com as estatísticas dos setlists da banda na história, dá para ter algumas pistas do que pode ser parte desse novo set.

Das 22 músicas tocadas nos três shows na França, quatro foram covers. Das 18 próprias da banda, 11 estão entre as 20 mais tocadas em turnês, sendo oito delas parte do grupo das dez mais tocadas (do top 10, só não entraram nos shows de aquecimento "Satisfaction" e "Sympathy For The Devil"). Será que Mick e cia vão contrariar as próprias estatísticas?

Desse grupo de 18 músicas tocadas nos clubinhos de Paris ainda temos as recém-lançadas "Doom And Gloom" e "One More Shot", que certamente não ficarão de fora. Como a banda está prometendo três horas de show, tem espaço pra entrar muito mais coisa, mesmo que essas 18 já tenham garantido lugar no show. O gráfico mostra as músicas tocadas em Paris, agrupadas conforme a posição no ranking das mais executadas ao vivo pela banda. O número em parênteses corresponde à posição específica de cada música no ranking.



Bonus Track? Nos ensaios de outubro, conforme registrou este usuário do YouTube, a banda tocou "I Wanna Be Your Man", presente da dupla Lennon-McCartney para Mick-Richards nos anos 1960. Não é das mais recorrentes nos shows, mas ficou uma interrogação com este ensaio.

Na TV O show do dia 15 de dezembro, em New Jersey, será exibido no Brasil, ao vivo, pelo Multishow, a partir da meia-noite.

21 de nov. de 2012



Ninguém pode dizer o quanto Psy e seu Gangnam Style vão durar no mundo da música. Mas os manda-chuvas da indústria fonográfica apostam que ele é o início de uma nova história no segmento: a invasão de artistas fora do eixo EUA-Inglaterra no topo das paradas mundiais, como aconteceu recentemente com o rapper farofa sul-coreano, que atingiu o número da Billboard (a parada mensura o mercado americano, mas ainda é de lá que muita coisa ecoa pro resto do mundo).

Relatório publicado neste mês pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI na sigla em inglês) sobre investimento em música por parte das gravadoras aponta que o setor considera ampliar os investimentos na carreira internacional de artistas de continentes que não frequentam as paradas mundiais. O principal exemplo mencionado é o K-Pop, o pop vindo do mesmo país de Psy, mas há uma menção genérica a mercados "emergentes", palavrinha mágica que imediatamente coloca o Brasil em cena. Não por acaso, Paula Fernandes é a única artista brasileira mencionada no relatório, justamente para exemplificar as ações promocionais voltadas para apresentar a cantora ao público fora do país. Paula andou por aí se apresentado ao lado do colombiano Juanes (em ação focada no público hispânico) e da norte-americana Taylor Swift (para o público de língua inglesa), conforme lembra o documento.

Se a estratégia da indústria vingar, poderá ser o começo do fim de décadas de domínio de artistas dos EUA no topo das paradas. Como reflexo da própria história da segunda metade do século XX, de 1955 até 2008, 76% dos 683 artistas que atingiram o número um da Billboard (que ditou e ainda dita muita coisa do que se ouve pelo mundo - mas não só nos dias de hoje, é bom reforçar) eram norte-americanos. As contas são feitas com base na compilação "Top Pop Singles", do historiador Joel Whitburn, que considera os artistas que atingiram o primeiro lugar no período mencionado (Psy foi incluído na lista por mim). Nesta tabela dá pra ver a lista de artistas por país e a quantidade de artistas por país.

A tão falada invasão britânica parece não ter sido tão ameaçadora assim e abocanhou apenas 12% do topo.  Os outros 12% são divididos entre artistas de outros 28 países (passe o mouse sobre o gráfico para identificar as fatias correspondentes a cada país).


A distribuição geográfica dos hits nº1, no mapa abaixo, mostra que desses 28 países restantes, a maioria se concentra na Europa (passe o mouse sobre os círculos para saber o país e a quantidade de números 1 que produziu). Canadá e Austrália, países de língua inglesa (apesar da porção canadense que fala francês), têm alguma repercussão. A América do Sul tem em Shakira a única representante a dominar o primeiro lugar da Billboard, feito que ocorreu após mudança na sua carreira, quando começou a cantar em inglês. Por sinal, isto indica que há uma outra barreira a ser quebrada, para além da geográfica: a linguística. Mas isso é outra história.





  

20 de nov. de 2012



Último registro dos Beatles ao vivo, o show surpresa no teto do prédio da Apple, em 1969, também chamado de rooftop concert, é um dos vários momentos icônicos da história da banda, justamente por estes adjetivos que citei: foi o último, foi surpresa. Como praticamente tudo que eles fizeram, serviu de inspiração pra mais gente, como o U2, que em 1987 fez o mesmo na gravação do clipe de "Where The Streets Have No Name". Talvez não tenha sido pioneira.


Há quem defenda que Roberto Carlos o fez antes, na gravação do clipe "Quando", mas nunca concordei com a teoria (apesar de ser fã de King Robert). Gravado no terraço do edifício Copam, em SP, em 1967, o vídeo não retrata o show tampouco nenhuma outra exibição para o público. Do alto dos 35 andares do prédio, ninguém na rua jamais veria a ação, mesmo que fosse esta a intenção.

Mas Gonzagão, se estivesse aí, poderia reivindicar a autoria da ideia. Como registrado no filme "Gonzagão - De Pai pra Filho", lá pelos anos 1940, Gonzagão tocou na fachada do Cine Pax, no Rio, ao saber que havia uma multidão na rua que não conseguira comprar ingresso para o show que ele faria dentro do cinema. Vale lembrar que a história dos Beatles já se cruzou outras vezes com a de Gonzagão. Há quem diga que "The Inner Light" lembra muito "Asa Branca". Acho que o elo aí é a sonoridade semelhante daquela que remete ao sertão e as influências orientais de George, mas não deixa de ser curioso.

12 de nov. de 2012




O submarino amarelo foi reconstruído. Saem as placas em amarelo e laranja vibrantes, como pede a linguagem pop. Entram marimbas, pans e flautas, que em tons aquarelados redesenham a icônica imagem, uma das muitas associadas aos Beatles. A ilustração da capa do novo disco do Uakti, batizado simplesmente “Beatles”, revela o tratamento que o repertório dos fab four ganhou ao ser transportado para a peculiar linguagem instrumental do grupo mineiro: mais leveza, sem perder as estruturas essenciais. O público acompanha ao vivo este resultado de sexta (16) a domingo (18) no Palácio das Artes.

“A gente buscou uma relação mais fiel com temas e harmonias, foi até uma exigência que os próprios autores colocaram. Tem toda uma regulamentação para gravar Beatles. Mas tem muita coisa de improviso e de adaptação para os nossos instrumentos e isso possibilita timbres inusitados e ideias de arranjos que se diferenciam do original, mas sem perder o vínculo com a concepção das músicas”, resume Artur Andrés, ao falar do trabalho de criação dos arranjos, feito por Marco Antônio Guimarães.

O repertório, também escolhido por Marco, soma 16 músicas, todas pós-1966, quando os Beatles iniciaram a chamada fase de estúdio: abandonaram a barulheira das fãs nos shows para se dedicarem exclusivamente à gravação dos discos, o que resultou na grande guinada musical da banda. “Surgiram temas belíssimos e orquestrais, que inclusive era uma coisa nova para a época. O Marco Antônio optou por temas que tocaram ele mais”, completa Artur. Dentre estes temas, “A Day In The Life”, “Across The Universe”, “Golden Slumbers” e “Something”.
No show de estreia do trabalho, o trio vai ter companhia no palco. Para que seja reproduzido o que foi feito em estúdio, também vão participar das apresentações as esposas de Paulo (Josefina Cerqueira) e Artur (Regina Amaral) e os filhos de Josefina (Ian Cerqueira, guitarra) e de Artur (Alexandre Andrés, flauta).

Volume dois
Há mais material além do que foi registrado em estúdio, no entanto. Marco arranjou cerca de 25 músicas, num grupo que inclui também “Norwegian Wood”, “Because”, “Within you without you” e “Blue Jay Way”. Parte deste excedente vai entrar no repertório do show e, futuramente, as músicas não gravadas podem originar um segundo disco. “O ideal seria a gente ter gravado 14 músicas porque os direitos autorais encarecem muito o custo final do álbum. Colocamos forçosamente mais duas, mas nada impede de se gravar um segundo disco se a gente sentir que seria interessante expandir para outros temas”, diz Artur.

Nada impede também que a metade dos Beatles ainda viva, Paul e Ringo, tome conhecimento do trabalho. “A gente tem amigos em comum que podem ajudar. O Philip Glass (compositor norte-americano com quem o Uakti já gravou) já falou que, sendo amigo do Paul, pode passar pra ele. Talvez ele venha pra Belo Horizonte também e a gente consiga colocar na mão dele”.


Viagem inclassificável pela obra dos fab four
A obra dos Beatles já ganhou, no Brasil, uma longa série de releitura em choro. Sensação do Carnaval carioca, o Bloco do Sargento Pimenta transporta as músicas do quarteto para ritmo do Carnaval de rua, ditado pela percussão. A Orquestra Ouro Preto, assim como já fizeram algumas outras pelo mundo, traduz as canções para linguagem erudita. Lá fora, já virou objeto para uma banda de heavy metal, que une Beatles ao Metallica.

Em meio a esse apanhado de homenagens que perpetuam a já eternizada a produção do quarteto de Liverpool, “Beatles”, do Uakti, se diferencia por não levar a obra da banda para um universo musical demarcado. As melodias de alguns dos clássicos escolhidos para o repertório permanecem facilmente identificáveis, mas as regrava-ções transitam por climas variados.
É o caso de “Get Back”, originalmente rock puro que em seus cinco minutos no terreno do Uakti passeia por sons de flautas e de um berimbau de sete cordas para então retornar ao seu habitat natural com a entrada de uma guitarra para o solo final.

O violão melancólico e preguiçoso de “A Day In The Life” se transforma em sons doces com a marimba de vidro. “With A Little Help From My Friends” começa com uma introdução em tons mais graves para depois ganhar um ar festivo.

Assim como assinalou Artur Andrés, há espaço também para o improviso e para arranjos mais elásticos em relação aos originais, e isso se faz mais evidente em “Come Together” e “She's Leaving Home”. A viagem é múltipla e inclassificável.


Uakti
No show ‘Beatles’
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400). Dias 16 (sexta) e 17 (sábado), às 21h, e 18 (domingo), às 19h. R$ 60 (inteira)

*Texto publicado na edição de 10/11/12 do Jornal Pampulha

8 de nov. de 2012

Por favor, nada de rixas entre as duas neste momento; o assunto agora é sério

Foi um dos assuntos da semana: o encalhe dos ingressos pros três shows que Lady Gaga fará no Brasil, em SP, no RJ e em POA, a partir de amanhã (9). Segundo informações do jornal O Globo, no Rio, foram vendidos apenas 15% do total de 86 mil ingressos postos à venda. Em São Paulo, aproximadamente metade dos 66 mil foram comprados. Madonna, que também fará três shows no país no mês que vem, exatamente nas mesmas cidades que Gaga, também está passando pelo mesmo perrengue no Rio. Apesar de a produtora que traz os shows para o Brasil, a Time for Fun, ter anunciado meses atrás que já haviam sido vendidos cerca de 100 mil ingressos para os três shows, no Rio esse total não passaria de 15 mil.

Promoções do tipo "pague um e leve dois" e o sorteio de 500 pares de ingresso para servidores da prefeitura do Rio ajudaram a dar força às informações.

Ninguém cravou a razão para as baixas vendas, mas algumas hipóteses foram levantadas: a proximidade com os shows de Madonna (é certo que há uma parte do público que se digladia no nível Fla x Flu, mas há uma outra parcela que se interessa por ambas), o preço alto dos ingressos (no mínimo R$90 e no máximo R$750, com várias faixas de preço intermediárias), somado à famigerada e já maldita taxa de conveniência e o superdimensionamento do público. Ou tudo isso junto. E se for este último o problema?

É interessante notar que não há relatos vindos de fora reportando dificuldade de venda de ingressos para os shows de ambas as cantoras em suas turnês pela Europa e EUA. É interessante notar também que os shows majoritariamente acontecem em arenas, todas com uma capacidade média de público de 20 mil pessoas. Para citar algumas das principais: o Madison Square Garden, Staples Center, MGM Arena (Nova York, Los Angeles e Las Vegas, respectivamente, nos Estados Unidos) e a O2 Arena (em Londres). É importante lembrar também que tem outros artistas gringos que tocam lá fora nas mesmas condições, em arenas, mas chegam aqui e conseguem levar muita gente para o estádio.

Não seria o caso, então, de ir com menos $ede ao pote e não sair agendando show a rodo? Ou então não seria o caso de começar a pensar que espaços semelhantes a arenas gringas começam a ser necessários no Brasil agora que o país está consolidado como destino de shows internacionais e estes eventos deixam de ter cara de novidade/oportunidade-única-na-existência-do-universo?

Em São Paulo, o Anhembi tem capacidade próxima dos 20 mil - resta saber se o espaço se adequa a todo tipo de show, inclusive estes com mega-produção. Fora isso, sobra o santuário que Padre Marcelo acaba de abrir por lá, mas não acho que seria o caso de misturar o sagrado com o profano. RISOS RISOS. No Rio, há o Maracanãzinho mas, além de estar em obras até o ano que vem, não consegue chegar aos 20 mil.

Pesa contra o Brasil a dificuldade de multifuncionalidade de espaços do estilo das arenas gringas, caso eles viessem a ser criados. Lá, elas são usadas para jogos de basquete e hóquei, com garantia certa de público ao longo do ano. E aqui? Como seriam ocupadas para além dos shows? Voltamos então ao Anhembi. Mas e as cidades que não dispõem de nada semelhante? Muitas dúvidas e uma certeza (ou coincidência?): até na hora de influir nos rumos do sistema de realização de shows de grande porte no Brasil, Madonna e Gaga estão no mesmo páreo.

6 de nov. de 2012

Gente da música se manifestando a favor ou contra este ou aquele candidato nas eleições presidenciais nos Estados Unidos é coisa corriqueira. O post anterior mostrou isso ao agrupar os artistas pró-Obama e pró-Romney de acordo com o gênero musical. Algumas dessas manifestações não ficaram livres de polêmica ou mal-entendido e acabaram parando nas manchetes. Resolvi relembrar algumas delas, enquanto o bizarro sistema de votação dos States não nos informa quem vai trabalhar na Sala Oval.

#Sóquenão 1
Durante show em Washington, Madonna fez um discurso empolgado sobre Obama, destacando o fato de os Estados Unidos terem um muçulmano no poder. Sendo Obama cristão - apesar da turma da teoria da conspiração achar que ele é, sim, muçulmano, a frase gerou confusão e Madonna divulgou logo depois uma nota alegando que estava sendo irônica.


#Sóquenão 2
Em uma mixtape em conjunto com Lil Wayne, a rapper Nicki Minaj cantou versos nos quais afirmava ser eleitora de Romney. Diante das críticas que recebeu, foi no Twitter explicar que era sarcasmo, e ainda mandou um salve pro Obama.

Conspiração
Hank Williams Jr. afirmou em entrevista que Obama é muçulmano. Como se isso fosse uma coisa ruim. E ainda caprichou na dose ao afirmar que o atual presidente odeia o país. Dias antes, Dave Mustaine, do Megadeth, rendeu alguns cliques aos sites de notícias ao argumentar que Obama estaria por trás do massacre no cinema do Colorado durante uma sessão de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", em julho, quando 12 pessoas morreram e 58 ficaram feridas.  

Mal-entendido
Universitários republicanos usaram como trilha sonora de um vídeo de apoio a Romney a música "Fake Empire", do The National, banda que endossa Obama desde sua campanha em 2008. Alertados pelo próprio vocalista, Matt Berninger, via YouTube, os estudantes retiraram o vídeo do ar. 

Alfinetando
Provavelmente parte do 1% que concentra os maiores rendimentos dos EUA - o que deve evitar o voto de parte dos outros 99%, Mitt Romney recebeu um recadinho de Jaz-Z, que mudou a letra de "99 Problems" durante um dos eventos da campanha de Obama, candidato que apoia. De "I've got 99 problems but a bitch ain't one" o verso passou a ser "I've got 99 problems but Mitt ain't one".



Britânico, Paul McCartney divulgou nesta segunda (5) em seu canal no YouTube um vídeo no qual encoraja seus fãs americanos a comparecerem às urnas hoje (6) e votarem em Obama. Aproveita para reforçar que os músicos de sua banda, norte-americanos, fizeram a mesma escolha (nos Estados Unidos é possível votar antes do dia das eleições - é o que eles chamam de early voting). Se um músico membro do império britânico está se intrometendo nas eleições presidenciais norte-americanas, é de se esperar que os músicos-eleitores estadunidenses façam o mesmo. E fizeram.

Ao longo da campanha, em maior ou menor grau, artistas demonstraram apoio ou a Obama ou a Romney publicamente. Mais que envolvimento na decisão dos rumos do país, as listas (no fim do post) que dividem os músicos em pró-democratas ou pró-republicanos sugerem alguns padrões relacionados ao gênero musical. Conforme já resume o título do post, o hip hop, o r&b e o pop votam em Obama. O Country vai de Romney massivamente. O rock se divide (gráficos abaixo).

Aproximadamente um terço (33%) dos artistas que declararam voto em Obama são de hip hop e r&b. A segunda maior fatia, muito próxima da primeira, é do pop: 31%. Do lado republicano, mais da metade dos artistas que votarão hoje em Romney são do country (55%). O rock, por sua vez, tem fatias menos desiguais nos dois lados: cerca de um quinto dos que vão votar em Obama (19%) e aproximadamente um quarto dos artistas que escolherão Romney (27%).

Dentre os artistas eleitores de Obama, há um peso de nomes dos gêneros de origem negra (note bem: os gêneros são de origem negra, mas não necessariamente os artistas). Além de o hip hop e o r&b, juntos, serem responsáveis pela maior fatia de apoios segundo o estilo musical, artistas de blues, jazz e soul também aparecem na lista. Se somados os músicos de todos esse gêneros, eles representam 42% do total. Dentre os que apoiam Romney, o único gênero de origem negra que tem representante na lista além do hip hop e do r&b é o jazz.

Outro detalhe do grupo de músicos que apoiam Obama é a diversidade e um equilíbrio maior em relação ao gênero musical. Há representantes de mais estilos (blues, soul e folk só aparecem na lista dos apoiadores do candidato democrata) e não há um gênero hegemônico como no caso dos pró-Romney, onde mais da metade são do country. A maior presença de gente do gênero country também faz a lista de suporte do republicano ser mais "obscura" para quem não vive nos Estados Unidos. Como este é um estilo com repercussão basicamente lá, fica difícil, aqui, reconhecer quem é a maioria dos nomes que aparecem na lista, ao contrário da turma obamista. Aos olhos dos estrangeiros, ela parece ser mais popular por concentrar, em fatias próximas, artistas do pop, do rock e do r&b, gêneros que a indústria musical norte-americana há tempos conseguiu fazer penetrar mundo afora.

Simon Frith, sociólogo britânico especializado em música pop e suas implicações culturais, é um cara que defende que o gênero musical é a grande bússola da indústria da música - desde as decisões das gravadoras, passando pela performance dos músicos e o comportamento dos fãs. A julgar pelos gráficos, o gênero também pode operar como bússola para o voto de alguns.



Pró-Obama
50 Cent
Marc Anthony
Fiona Apple
Billie Joe Armstrong
Burt Bacharach
Jeff Beck
Natasha Bedingfield
Tony Bennett
Mary J. Blige
Jon Bon Jovi
Jimmy Buffett
David Byrne
Colbie Caillat
Mariah Carey
Cher
Eric Church
Kelly Clarkson
Common
Chris Cornell
Sheryl Crow
Ice Cube
Miley Cyrus
Neil Diamond
Jack Dishel
Snoop Dogg
El Debarge
Gloria Estefan
Ben Folds
Peter Frampton
Aretha Franklin
Michael Franti
Lady Gaga
Philip Glass
Al Green
Cee Lo Green
Josh Groban
Buddy Guy
Merle Haggard
Anthony Hamilton
Herbie Hancock
Jennifer Hudson
Mick Jagger
Elton John
Jack Johnson
Quincy Jones
Toby Keith
R. Kelly
Alicia Keys
B.B. King
Carole King
Beyoncé Knowles
Dave Koz
Kris Kristofferson
Jay-Z
Adam Lambert
Cyndi Lauper
John Legend
Jared Leto
Adam Levine
Jennifer Lopez
LeToya Luckett
Ludacris
Joel Madden
Madonna
Barry Manilow
Chris Martin
Ricky Martin
Dave Matthews
Bette Midler
Nicki Minaj
Moby
Janelle Monáe
Jason Mraz
Nas
Ne-Yo
Randy Newman
Thao Nguyen
Aubrey O'Day
Joell Ortiz
Johnny Otto
Katy Perry
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Pitbull
Pras
Busta Rhymes
Flo Rida
Axl Rose
Kelly Rowland
Rza
Johnny Rzeznik
Jessica Sanchez
Paul Simon
Trey Songz
Regina Spektor
Bruce Springsteen
Yvonne Staples
Barbra Streisand
James Taylor
Toni Tennille
T.I.
Treach
Justin Timberlake
Usher
Pete Wentz
Kanye West
will.i.am
Stevie Wonder


Pró-Romney
Trace Adkins
Rodney Atkins
Jack Blades
Neal E. Boyd
Zac Brown
Robert Burck
Charlie Daniels
Sara Evans
David Foster
Lee Greenwood
Andy Griggs
Taylor Hicks
Vanilla Ice
Bruce Johnston
Big Kenny
Mike Love
Meat Loaf
Jo Dee Messina
Ronnie Milsap
Sam Moore
Dave Mustaine
Wayne Newton
Ted Nugent
Jamie O'Neal
Donny Osmond
Marie Osmond
John Ondrasik
Randy Owen
Collin Raye
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Kid Rock
T.G. Sheppard
Shyne
Gene Simmons
Ricky Skaggs
Scott Stapp
Cowboy Troy
Lane Turner
Hank Williams, Jr.
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