3 notas sobre a morte de David Bowie

O que eu trouxe na bagagem da Colômbia

A(s) pergunta(s) que eu não fiz para Steve Aoki

26 de set. de 2012

Era para ser um registro para neo-hippies-indies-cults. Virou um dos virais mais amados/odiados de 2011. Caiu no esquecimento como acontece com estes fenômenos de internet. Mas a Hellmanns não se esqueceu do pessoal da Banda Mais Bonita da Cidade e de sua "Oração" e usou o sucesso internético como trilha de sua campanha de 50 anos. Aproveitou e deu uma kibada escancarada no esquema plano sequência do clipe, um dos elementos que garantiu a grande repercussão do original.


25 de set. de 2012



Lana Del Rey, aquela moça que começou como um burburinho na internet e foi parar na trilha da novela das nove, anunciou hoje que vai relançar o seu primeiro e único disco, "Born To Die", lançado em janeiro deste ano, em versão deluxe - a "Paradise Edition". A caixa vem com toda aquela quinquilharia que tem feito desse novo produto salva-vidas da indústria do disco algo irresistível: faixas inéditas, versão em vinil, encarte de fotografias e DVD.

Agora, veja bem: estas caixas turbinadas vêm sendo um recurso comum para relançar obras completas de medalhões com certo tempo de estrada ou que já nem estão mais em atividade. Normalmente servem para comemorar uma efeméride ou para resgatar discos que já saíram de catálogo ou que não têm ainda versões remasterizadas. E aí vem a Lana, cuja existência pública deve estar completando um ano, e cujo único registro fonográfico saiu há nove meses, e se envereda por esse tipo de estratégia.

Pode não significar nada, pode ser uma "subversão" da linha comercial seguida até agora. Mas é muito curioso que um recurso lançado para celebrar artistas com carreira consolidada e, principalmente extintas, seja usado tão precocemente por uma cantora exatos nove meses após sua estreia em disco batizada de "Nascida para Morrer", em um relançamento que é a "Edição do Paraíso". Nada contra uma carreira curta, com feitos normalmente atingidos em bastante tempo condensados em um curtíssimo período, como é o caso de Lana. Mas não consigo ignorar estes simbolismos.    

20 de set. de 2012

Estou escrevendo uma reportagem sobre o show que Fafá de Belém fará aqui em BH na próxima terça em homenagem ao Antônio Maria, compositor pernambucano falecido em 1964 e que deixou para nosso cancioneiro muitos sambas-canção. Pesquisando (e ouvindo) a obra dele, descobri esta gravação de Nat King Cole de uma de suas mais conhecidas composições, "Ninguém Me Ama". Nat King Cole cantando em português. Para tudo. É muito lindo.


18 de set. de 2012

Liverpool é aqui. Pelo menos o será em novembro, a julgar pelo que está previsto na agenda de BH. Será neste mês que provavelmente o Uakti apresentará ao vivo seu novo trabalho, que consiste em adaptações de músicas dos Beatles para a sua peculiar linguagem instrumental.

E, lá no finalzinho do mês, no dia 29, começará a primeira BH Beatle Week, que segue até o dia 1/12 (é praticamente uma BH Beatle Weekend, né? rsrs). Presenças já confirmadas: Tony Bramwell (amigo de infância de George Harrison, braço direito de Brian Epstein e autor do livro de memórias "Magical Mystery Tours - Minha vida com os Beatles"), Lizzie Bravo (cuja voz está presente na gravação de "Across The Universe" e que prepara o lançamento do também livro de memórias "From Rio To Abbey Road") e a Orquestra Ouro Preto (que tem obras dos fab four em seu repertório).  

14 de set. de 2012



Uma das estreias da semana nos cinemas é "My Way", cinebiografia do cantor e compositor francês Claude François, autor de "Comme d'habitude", que ficou mundialmente conhecida pelo mesmo nome do filme por meio da gravação de Frank Sinatra. O filme mostra a trajetória de Claude rumo ao sucesso nos anos 1960: garoto treinado pela família para ser músico clássico, encontrou seu lugar na canção popular depois de vencer obstáculos, mas teve que enfrentar a rejeição do pai pelo caminho seguido.

Mas o assunto aqui é outro. É a tal música, que acaba sendo duas. Entre a gravação original em francês e a versão em inglês, há uma distância tão grande quanto a extensão do Atlântico que separa a França dos Estados Unidos. O responsável por esse afastamento foi Paul Anka, que escreveu os versos em inglês da música lançada em 1967.

Enquanto a original ("Como de costume"), expõe o sofrimento de um homem diante do desprezo da esposa e da rotina fria que partilham em casa, "My Way" mostra um homem que, diante da proximidade do fim da vida, faz um balanço sincero sobre seus atos. Sendo o amor um tema absurdamente recorrente na canção popular, é preciso uma dose acima da média de inspiração e talento para não ser só mais um na multidão. Já as reflexões feitas por um homem maduro, inclusive aquelas sobre seus fracassos, proferidas por um todo-poderoso ídolo/intérprete, exige que, no mínimo, se preste atenção. E, como se não bastasse ser "a voz" cantando, Sinatra faz a gente acreditar em cada palavra que está sendo dita.


13 de set. de 2012

Muito injustamente, o nome de George Martin não é tão vangloriado quanto deveria pelo senso comum, fora do mundinho beatlemaníaco ou especializado em músico. Por isso mesmo, é bom lembrar que foi lançado esta semana nos EUA o documentário "Produced by George Martin", que conta a história do homem que ajudou a fazer a mágica acontecer dentro dos estúdios de Abbey Road. O blu-ray já está à venda na Amazon. Aguardamos a chegada do material ao Brasil.


5 de set. de 2012

John Cage foi nascer no quinto dia de setembro, o mesmo em que anos depois nasceria Fred Mercury. Números redondos são mais atraentes para se comemorar efemérides, mas sabemos que o pop também tem mais apelo que vanguardas - principalmente quando a internet se alimenta de números de cliques e temos um Angry Bird deliciosamente caracterizado como vocalista do Queen.

Por isso mesmo, no dia em que Jonhn Cage completaria 100 anos, as lembranças ficaram praticamente todas para os 66 anos que Fred Mercury teria hoje se estivesse entre nós. Nem todo mundo deixou passar batido o centenário de Cage, e o Pitchfork, que me lembrou da data, fez uma seleção de vídeos em que ele toca e fala sobre sua música, vanguarda da vanguarda praticamente oito décadas depois desde o início de seus trabalhos.

Da seleção do Pitchfork, fico com um trecho da primeira aparição do compositor na TV americana, em 1960. Em uma sociedade recém-escandalizada pelo rebolado de Elvis e o motim jovem do rock, o riso nervoso, de desconcerto, deboche ou incompreensão, foi a única reação esboçada diante da obra de Cage. Era novidade demais para um mundo que não imaginava quantas mudanças ainda estavam por vir em tão pouco tempo.


4 de set. de 2012

Como o assunto de ontem foi shows pela internet, fiz uma mini agenda do que está previsto nessa nova (e cada vez mais constante) modalidade de entretenimento:

18/9 - The Killers
Parte da série "Unstaged", que coloca diretores de cinema para comandar transmissões de shows. A do Killers vai ficar sob responsabilidade de Werner Herzog. O show marca o lançamento do novo disco da banda, "Battle Born".
Onde: no canal da banda no Vevo

6/10 - Evanescence
O escolhido é o show que a banda faz no Rio, no HSBC Arena.
Onde: no Terra

18/10 - Robert Plant
O show que Plant faz no Rio, no mesmo local que o HSBC Arena, também ganha transmissão.
Onde: no Terra

20/10 - Planeta Terra
Vamos todos ver as performances de Suede, Garbage (tudo o que importa na programação deste ano) e o resto.
Onde: no Terra


3 de set. de 2012

Ouvir música em quaisquer circunstâncias é uma atividade vital pra mim, mas nenhum sentimento gerado por esse ato se aproxima da experiência de ouvir - e ver - a música acontecendo ao vivo. Cada música renasce diante de você, a voz e a imagem do artista se transformam em carne e osso e a emoção que tudo isso provoca é compartilhada coletivamente. É por isso que há 12 anos não gasto um centavo comprando música gravada, mas não me incomodo quase nada em pagar muito caro para ouvir música ao vivo. É tão único que vale cada centavo, mesmo que sejam milhares.

Pois a Wired está apostando que, do mesmo jeito que a tecnologia provocou mudanças que levaram pessoas como eu a não comprarem mais discos (leia-se vovô Napster e todos os seus filhos e netos), ela pode também fazer ruir a ainda lucrativa indústria de shows, deixando gente como eu na frente do computador para ver shows. O motivo da aposta é o Google+ Hangouts On Air. A ferramenta da rede social do Google permite que qualquer um transmita ao vivo para o mundo um show ou qualquer outro tipo de evento. A transmissão acontece pela conta no site, pelo YouTube e em quaisquer outros sites aos quais a ferramenta esteja incorporada.

Há shows pelos quais vale a pena pagar, há outros em que o melhor seria poder assisti-los de graça e nesse ponto a transmissão de shows pela internet aumenta a oferta de música, que já é imensa hoje. A exclusividade disso não é do Hangouts On Air, que apenas se soma a sites como YouTube (Rock in Rio, Coachella, shows do Cine Joia e outros casos isolados) e Terra (Planeta Terra e alguns shows isolados também).

Ainda que em outra dimensão, há um componente forte de experiência coletiva nessas transmissões via redes sociais. Nunca imaginei, por exemplo, que o Rock in Rio do ano passado, com aquele line up que muito pouco me agradou, poderia ter sido tão divertido quanto foi assistindo às transmissões no G1 e acompanhando a repercussão no Twitter e no Facebook. Imagina como seria então ter a mesma experiência com um show que realmente me interessa? Mas a certeza da materialização do seu ídolo e o milagre do renascimento só acontecem mesmo ao vivo.

Se o público vai se contentar em abrir mão desses dois aspectos e até encontrar mais vantagens num show visto da tela de um tablet ou notebook a ponto de mudar as estruturas da indústria de shows é questão de tempo. E olha que hoje não precisamos de esperar muito para ver as mudanças acontecerem. Seja lá o que acontecer, eu prefiro continuar pagando pra ver, em todos os sentidos.
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